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Perdido em Israel - Trecho 170

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31 de maio de 2024 É manchete nos Estados Unidos, na Europa, em Israel e em todo o Oriente Médio. O presidente Biden disse que os israelenses propuseram um plano de paz irrecusável para a faixa de Gaza. Li e reproduzo os pontos em que baseiam esses planos: “Fase 1 - Cessar-fogo completo -Retirada do exército de Israel de todas as áreas povoadas de Gaza - Liberação de “alguns” reféns e “alguns” restos mortais” de aprisionados em Gaza. - Permissão para que todos os palestinos voltem para suas casas em Gaza. - Aumento da ajuda humanitária. Fase 2: - Fim permanente das hostilidades. - Troca para libertar os reféns ainda vivos em Gaza. - O exército israelense abandona completamente a faixa de Gaza. Fase 3: - Grande reconstrução e planos para Gaza - Devolução completa dos restos mortais de reféns falecidos.” Esse texto inacreditável está circulando com credibilidade pelo mundo. É ruim, incompleto e inverossimel. O nome do Hamás não aparece em parte alguma, como se o tal grupo não fosse o pro...

Perdido em Israel - Trecho 169

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  29 e 30 de maio de 2024 Para minha alegria, alguns leitores resmungam quando rompo o ciclo de correspondências diárias. Obrigado a todos. Há dias, porém, que essa cobertura se tona maçante. O cenário permanece igual, embora tudo seja mutante em um campo de operações militares. Ontem, quase me atrevi a dizer que será necessária uma intervenção divina (de qual deus, já que em nenhum deles me apoio) para pôr fim a essa luta insensata, justa e injusta para as duas partes. Um conselheiro sênior de Netanyahu (seu assecla, portanto) afirmou, com todas as letras, que a guerra não vai terminar nesse ano. Então, quando? Em 2048, no primeiro centenário do estado de Israel? Ou no momento em que um motim israelense e outro, palestino, expurgar seus tiranos? Para piorar, o governo da “terra prometida” anunciou que não vai cessar fogo, agora, nem que todos os reféns sejam devolvidos. Birra pura! “Meu membro é maior do que o seu!”, parece dizer. Virou isso? Essa baixaria? Não acho que uma guerra...

Perdido em Israek - Trecho 168

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  28 de maio de 2024 Pronto: estou de volta apenas agora, um dia depois do calamitoso ataque pelo qual Israel diz ter se envergonhado. As engrenagens da condenação internacional movimentaram-se emitindo juízos e, se mais virá (o que é provável), ainda está sendo gestado. O certo é que erros desse tipo deixam marcas indeléveis e nunca serão esquecidos nos futuros debates sobre a questão. As notícias de hoje mostram que o IDF já ocupou a praça central de Rafah e segue avançando. Segundo algumas teorias de conspiração, “o erro vergonhoso” talvez nem tenha sido um erro, mas uma formidável cortina de fumaça calculada para permitir que Netanyahu siga avançando no paulatino desmantelamento de Rafah. Não quero crer que assassinar inocentes possa ser uma tática militar, mas não posso, tampouco, deixar de noticiar o que se fala. Como correspondente longínquo dessa fiara de atos sangrentos, confesso que tem sido difícil separar o joio do trigo. Também ontem se noticiou que um soldado israelen...

Perdido em Israel - Trecho 167

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  26 e 27 maio de 2024 Ontem não havia notícias impactantes – mas foi um erro ter ido dormir sem acompanhar a madrugada em Gaza, onde ocorreu uma matança violenta. Como eu lhes dizia (no capítulo passado), “nunca se sabe como esse sujeito (Netanyahu) vai agir, ainda mais quando acuado”. Pois fez, fez mal e matou, ao que se sabe, 45 palestinos inocentes, justamente na área “segura” para onde ordenou que as famílias se mudassem por segurança. Hoje, dada a repercussão mundial do ataque, Netanyahu veio a público para dizer que o incidente foi um erro trágico, que não tem a menor relação com o comportamento das forças de Israel. Mandou apurar responsabilidades e fez um mea-culpa. Um cenário que deixa o mundo atônito, dá armas aos antissemitas e envergonha os judeus na diáspora – e creio que, também, os próprios israelenses. Netanyahu tomou a única atitude que não podia tomar: errou, errou feio. Numa guerra, ainda que por razões justas, falhas humanitárias não podem ser toleradas em qual...

Perdido em Israel - Trecho 166

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25 de maio de 2024 Israel está em momento de sublevação. A pressão maior vem das ruas, onde os familiares e amigos dos reféns reúnem multidões pedindo a renúncia de Netanyahu. Em seu próprio gabinete, o teimoso líder enfrenta oposição sem precedentes. O mundo inteiro vai cada vez menos com a cara do premiê israelense. Os norte-americanos dão sinais explícitos de que não concordam com suas políticas. As mídias sociais, que defendem judeus e combatem antissemitas (um direito inequívoco) dão, muitas vezes, a impressão de que são financiadas pelo governo de Israel, porque nunca se contrapõem ao líder errático e perigoso que o país tem. Não sei julgar se ele vai cair, porque é gato de sete vidas e trafega nas sombras – assim como seus inimigos do Hamás. Mas, após quase oito meses de batalhas, não há como negar que suas táticas foram mais que ineficientes. Não fez o mínimo, que seria resgatar compatriotas sequestrados. Não destruiu o inimigo e suas lideranças permanecem vivas e ativas. Em su...

Perdido em Israel - Trecho 165

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24 de maio de 2024 Ele nasceu em Niterói, não tem instagram, não faz parte do facebook e vivia em Israel. Hoje foi encontrado morto em Gaza e não se sabe se está sem vida há três dias ou desde o ataque terrorista de 7 de outubro. Curiosamente, virou manchete dos principais sites brasileiros, porque era o único brasileiro que restava entre os reféns (vivos e mortos) do inferno de Gaza. Seu nome era Michel Nisenbaum e foi encontrado ao lado de outros reféns que Israel ainda considerava vivos. Todos nós, jornalistas, aprendemos que o que acontece na própria rua ou no bairro interessa mais aos leitores do que um tsunami na Indonésia. Daí, provavelmente, a promoção de Nisenbaum, o modesto, às manchetes brasileiras. É apenas o registro de um brasileiro que se foi no conflito e não muda em nada o rumo dos combates no Oriente Médio. Mas temos a tendência natural de identificar-se com ele. Talvez torcesse para o Flamengo ou por qualquer outro time. É fácil imaginá-lo tomando uma cerveja em qual...

Perdido em Israel - Trecho 164

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23 de maio de 2024 Fico na dúvida sobre as razões que me impelem a seguir nessa correspondência de guerra. Não ganho nada com isso. Minhas pensatas ficam longe de agradar a comunidade judaica e mais longe, ainda, de interessar a grupos árabes. Em outras palavras: não tenho nada a monetizar. Meu trabalho é apenas um registro desse conflito e talvez sirva para alguém no futuro – mesmo que seja um obscuro intelectual interessado em correspondentes de guerra que estão há 55 anos e dez mil quilômetros distantes dos fatos. Já lhes falei sobre o passado, sobre minhas condições étnicas e religiosas. Cometi erros involuntários ou descuidados, como, há dois dias, quando disse que Netanyahu poderia ser preso ao sair do país. Na verdade, essa é a acusação de um promotor e ainda precisa ser analisada pela Corte de Haia. Tenho evitado dar espaço às mentiras que assomam de lado a lado, sempre baseado na frase incontestável de Philip Knightley de que, em qualquer guerra, “a primeira vítima é, sempre, ...

Perdido em Israel - Trecho 163

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  22 de maio de 2024 Hoje, a Espanha, a Irlanda e a Noruega decidiram que são a favor da criação de um estado palestino. Eu também sou, dependendo, é claro, das condições do acordo. Israel indignou-se, mandou chamar seus embaixadores nos três países (uma tradição simples e protocolar) e disse, enfim, algumas coisas sensatas. Não é a hora, simplesmente não é a hora de premiar o Hamás e seus atos desumanos com a criação de um estado oficial. Seria, ao ver das lideranças judaicas, mais uma vitória que o ignóbil grupo acumularia. Em outras palavras: é permitido sequestrar, matar, estuprar, fazer reféns - e os que o fizerem ainda ganham uma pátria como prêmio. Eu não tenho a menor dúvida de que o estado da Palestina será reconhecido mais cedo ou mais tarde – mas nunca antes do fim da guerra, com o desmantelamento do Hamás. O grupo, ele próprio, ressurgirá na futura Palestina ou em qualquer outra nação que pretenda jogar o estado hebraico no Mar Mediterrâneo. Sobre o anúncio da Noruega, ...

Perdido em Israel - Trecho 162

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  21 de maio de 2024 Foi apenas um devaneio. Israel não mandou flores e quase celebrou a morte do presidente do Irã, com declarações francamente desaforadas. O que pretendi mostrar, ontem, é que a paz no Oriente Médio poderia depender de pequenos gestos de aproximação e boa vontade. Se isso não existe há milhares de anos, por que agora? Então, hoje e sempre, a solução é armar-se e lutar. O Hamás é o inimigo do momento, porque invadiu, matou e sequestrou milhares de pessoas em Israel. Não havia como não revidar, mas hoje ninguém lembra mais do 7 de outubro e a revanche tornou-se um problema irreal chamado, com má fé de “genocídio” – agora confirmado pela Corte Internacional de Haia, que incluiu, enfim, mais três líderes do grupo terrorista entre os condenados. Na prática, Netanyahu, que bem ou mal eleito, pode ser preso ao deixar seu país. Os líderes do Hamás, cuja autoridade é meramente tirânica (não presidem nem comandam nada oficial), também. Ocorre que grupos terroristas estão h...

Perdido em Israel - Trecho 161

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  20 de maio de 2024 Esse livro foi projetado para ser um relato longínquo da guerra de Gaza. Já se passaram mais de sete meses e não há um epílogo à vista. Então hoje me permito criar um final feliz para tudo isso. Com a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, o governo israelense decide enviar sentidas condolências e manda uma quantidade extraordinária de flores para Teerã. O aiatolá Khamenei fica comovido e convida uma delegação do país inimigo para as exéquias de seu falecido presidente. O próprio presidente Netanyahu decide participar do evento e é, em seguida, recebido pelos líderes políticos locais. A tensão esmorece e abre-se um canal para conversas, que termina em inesperado reestabelecimento de relações diplomáticas entre os dois povos milenares. Há troca de informações, tecnologia e valores entre ambos. A relação prospera e o Irã decide deixar de apoiar o Hamás e o Hezbolah e outros grupos hostis à Israel. A Iran Air e a El Al criam voos entre os dois países. Por soli...

Perdido em Israel - Trecho 160

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  17 e 18 de maio de 2024 Desculpe-me, caro leitor: tenho até gazeteado relatos nesse presumível diário, porque só futuro há de revelar tudo o que está acontecendo na ratoeira de Rafah. Não há fontes seguras, nem estatísticas, mapas, nada. Um número sobressai e é tão suspeito como tudo que emana de Gaza e de Israel há um bom tempo. Informa-se que 800 mil refugiados em Rafah já abandonaram o local, espalhando-se, outra vez, por áreas dilaceradas de Gaza – o que, se for real, vai fazer recomeçar a caçada parede a parede, buraco a buraco de fases anteriores do conflito. Ou seja: curiosamente parece que o dilema de Rafah vai acabar (sem o esperado morticínio), a guerra vai continuar, mas, de fato, está terminando. Mais e mais unidades da defesa de Israel ocupam o local todos os dias. A causa dos reféns parece definitivamente perdida. Israel ainda encontra alguns deles: todos mortos, alguns dos quais já em decomposição desde o ataque inicial do Hamás. Só resta o espanto de devolver às f...

Perdido em Israel - Trecho 159

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  16 de maio de 2024 Cinco soldados israelenses mortos por “fogo amigo”. Discussões internas mais expostas no governo do país. Pressão internacional cresce contra o ataque israelense em Rafah. Drone atrevido do Hezbolá atinge instalações em Metula, no norte de Israel, provocando número desconhecido de fatalidades. A distante África do Sul insiste em sancionar os “genocidas” de Netanyahu na Corte Internacional de Haia. Quatrocentos e cinquenta mil palestinos acampados na ratoeira do Rafah, fogem para outras áreas do território palestino, seguindo orientações das Forças de Defesa de Israel. Um menino judeu é brutalmente espancado em Nova York por sua condição étnica. Eis um pequeno resumo do que aconteceu hoje na guerra contra o Hamás e no antissemistismo já institucionalizado. Notícias horríveis, mas triviais, porque não levam a caminho algum. Ontem nem me referi a elas, porque são um retrato do que acontece em todas as guerras, fatos deprimentes, sangrentos e que não vão parar até ...

Perdido em Israel - Trecho 158

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  15 de maio de 2024 Polarização é a palavra que define este primeiro quarto do século 21. Se, antes, questões políticas, ideológicas, sociais e até pessoais costumavam dividir as pessoas, mas nunca a ponto de torná-las indebatíveis, ao som longínquo – mas audível – da moderação e da conciliação. Hoje isso não acontece mais. A responsabilidade por essa mudança cabe às redes sociais, à mídia inepta e a uma nova forma de educação ideologizada e absolutamente submissa às normas puritanas e intransigentes do que se convencionou chamar de politicamente correto.Há reuniões e cúpulas quase diárias com o objetivo de unir forças para resolver problemas iminentes, como a questão climática e as pendengas geopolíticas. Os participantes, contaminados pela polarização que se instalou, pouco ou nunca conseguem avançar no que é urgente, tão pressuroso que, em muitos casos, já foi ultrapassado pelos fatos. Em 1973, assim que consegui meu primeiro emprego nos Diários Associados, estourou a chamada g...

Perdido em Israel - Trecho 157

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  13 e 14 de maio de 2024 Para haver notícias, é preciso que existam fatos e que eles sejam verificados. Sem acontecimentos relevantes, o espaço é fértil para fake news, rumores e propaganda descarada. Claro que sempre se registram acontecimentos, bomba aqui, bomba lá, palavras ao vento, ameaças e a bobagem dos tratados que nunca são ou serão cumpridos. Considero, dentro dessa perspectiva, que o dia 13 (ontem) não valeu para nada. Cheguei a pensar em escrever que, sem nenhuma ocorrência, a guerra tendia a acabar como está, palestinos e terroristas acossados, as Forças de Defesa de Israel quase inativas. Talvez não fosse uma perspectiva tão ruim assim. Gaza semidestruída, sem futuro e ocupada, ao tempo em que Israel, lentamente, sumiria do noticiário pérfido que transforma qualquer judeu do mundo em candidato a ser agredido, impedido de entrar em universidades etc. Sem vento, as bandeiras colam-se aos mastros, como sem chuva – uma lágrima para os gaúchos – as águas baixam à espera t...

Perdido em Isarel - Trecho 156

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  11 e 12 de maio de 2024 Ufa! Ao menos os israelenses mostraram apreço por Israel. Ainda longe de uma solução para a guerra, a terra prometida comemorou efusivamente seu Dia da Liberdade, com a participação de milhares de pessoas, entre emocionadas, cansadas ou raivosas. Não se esperava que a audiência fosse tão grande. A atitude moral que castiga judeus de todo mundo – e não se chama guerra, mas perseguição racial -, essa não tem mais conserto. Sinto dizê-lo, mas todas as portas estão abertas para horrores sem tamanho. Como dizem os egípcios, Israel não mostra qualquer determinação para acabar, de fato, com o Hamás e muito menos para proteger ou minimizar o antissemitismo que grassa pelo planeta. E, de meu ponto de vista distante – um drone invisível muito acima dos drones reais – os atuais governantes de extrema-direita que governam a dita “terra santa”, o prosseguimento do conflito é a melhor alternativa para que eles sigam no poder e deem de ombros às consequências políticas e...

Perdido em Israel - Trecho 155

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10 de maio de 2024 143 a nove. Esse foi o placar na Assembleia Geral da ONU, que propôs um “upgrade” diplomático para a Palestina naquela organização, um passo adiante para oficializar a existência de um estado palestino de verdade. Em minha opinião, é claro que os palestinos têm o direito de ser uma nação como qualquer outra. Eu também votaria a favor da tal moção, com um senão: a absoluta necessidade de controlar grupos radicais que assassinam, sequestram e tudo o mais. Há de se dar um jeito nisso, se o espírito do Hamás não tiver ocupado, pela força e pelo terror, os palestinos mais cultos e moderados. Mas não é esse o tema de minha análise diária. A ONU, como solucionadora de questões que envolvem outros países e povos, não tem mais valor algum. Ainda mais se a plêiade desse grupo desigual continuar tendo direito ao veto, não importa quantos votos uma moção tenha. E segue não sendo esse o tema para o qual quero chamar a atenção. O que é impressionante é o que anda acontecendo com a...

Perdido em Israel - Trecho 154

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  Acho que o antissemitismo, em alguma de suas formas perversas, não há de chegar por aqui, ainda mais que nosso presidente subitamente deixou de acusar o povo israelense de genocida – e alguma razão para isso deve existir. Mas se já não havia dúvidas sobre o fato de que o Hamás ganhou a guerra ao produzir o maior movimento antijudaico desde que os nazistas foram derrotados, ainda assim fico estupidificado com a força sedutora de um bando (não um povo) francamente violento, que além de dominar, à força, seus compatriotas, conquistou as mentes de grupos jovens, ONGs e inocentes em pleno mundo ocidental. Em qualquer cidade do mundo onde houver judeus defendendo a causa de Israel, eles terão sido agredidos, vilipendiados e estão atônitos. Não se vê o contrário – judeus agredindo pró-palestinos – em parte alguma. Até o presidente Biden está punindo Israel, com a promessa de deixá-los sem armas caso ataquem Rafah, e não oferecendo qualquer alternativa para que Israel derrote seus inimig...

Perdido em Israel - Trecho 153

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Israel desiste de Gaza, terá uma derrota fragorosa, mas alcançará um resultado ético elogiável. Ou Israel usa força e destrói o Hamás ao custo de vidas inocentes na cidade de Rafah. Nas duas hipóteses, sempre haverá uma segunda vez para guerrear. O Hamás (espalhado por todo o Oriente Médio) não vai desistir de jogar os israelenses no mar. E Israel vai continuar a rechaçá-los, usando o que se convencionou chamar de violência desproporcional, ou mesmo genocídio, na linguagem vulgar e imoral dos radicais antissem itas. Tenho me tornado repetitivo (e perdoem-me por isso) nesse tipo de análise, porque simplesmente nada acontece no lenga-lenga desse conflito. Até os norte-americanos, maiores aliados de Israel, decidiram parar com o envio de armas àquele país, temendo a provável matança dos confinados em Rafah. É um ato político (porque Israel já tem armas suficientes para a agressão final) mas o pequeno enclave ocidental no Oriente Médio não pode ignorá-lo. Ou pode pagar para ver, fazendo tr...

Perdido em israel - Trecho 152

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  Completam-se sete meses desde o ataque do Hamás que iniciou a menor, mas mais barulhenta guerra dos últimos anos. Só para registro, porque números não significam nada faz tempo. De minha parte volto a registrar indignação com a pantomima dos acordos de paz, propostos, modificados, aceitos, retirados e sempre obtusos. Perdemos tempo ao falar deles. Segundo Israel, a trégua que lhes veio parar à mesa teria duas mudanças inaceitáveis. O Hamás supostamente concordaria em entregar os 33 reféns prometidos, mas incluiu no texto as palavras “vivos ou mortos”. Como supõe-se que há pelo menos trinta reféns mortos no território de Gaza, existiria a funesta possibilidade de que um cortejo de caixões fosse liberado pelo Hamás em troca de um número ainda maior (a outra mudança) de palestinos que padecem nas prisões de Israel. “Isso é tudo bullshit!”, bradou um amigo ao ler sobre o tema. Não sei se há, em português, alguma expressão mais adequada do que o palavrão em inglês para definir tanta b...

Perdido em Israel - Trecho 151

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  6 de maio de 2024 Hoje é dia de concisão. São tantos fatos novos que o mundo inteiro outra vez, voltou-se para a região. Como consequência da não-aceitação do “generosíssimo acordo”, Israel amanheceu atacando Rafah. Bombardeios e ordens para que mais de cem mil pessoas evacuassem a área rumo a um campo anexo, dito mais seguro. Sob fogo e ordens, a evacuação foi realizada, num claro sinal de que as forças de defesa de Israel estão dispostas a avançar ratoeira adentro, inda que ao custo de centenas de milhares de vítimas. Pouco depois, o Hamás anunciou que voltava atrás e aceitava a trégua proposta, dando sinais de fraquejar. Ledo engano: as autoridades israelenses leram o acordo (que devia ser o mesmo de dias atrás) e afirmaram que o texto foi inteiramente modificado. “Não foi isso que combinamos!”, exaltou-se o gabinete ultraconservador de Israel. Pronto: a guerra continua. O mundo inteiro já está condenando Israel pelo provável ataque à Rafah, por evidentes questões humanitárias...