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Perdido em Israel - Trecho 247

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  30 de setembro de 2024 Falta, mesmo, muito pouco para que eu encerre esse livro-sem-fim. E, confesso que, apesar de ter anunciado o apocalipse há dois dias – um medo que conservo – tudo o que tenho lido desde a morte de Nazrallah são parlapatices e bravatas. O Hezbolá, dilacerado como mostrou estar, mandou avisar que está pronto para expulsar os israelenses em caso de invasão por terra. Será mesmo? Pior: desenvolve-se um discurso – talvez manipulado por fontes israelenses – de que o Irã não é, de fato, uma potência militar a ser temida. O próprio Netanyahu anunciou que pode tomar a terra dos persas mais rápido que se pensa. Há fronteiras devassáveis e basta um pavio para acender a revolta da população contra a tirania cruel dos aiatolás. O regime é malvisto pela maioria dos iranianos, é anacrônico e defende causas xiitas que só são controladas com extermínio, prisões sem limite e a pior interpretação da sharia, que é o código de justiça do Corão. Diversos países, inclusive muitos...

Perdido em Israel - Trecho 246

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28 de setembro de 2024 A morte de Hasan Nazralah e de quase todas as lideranças do Hezbolá pode ser vista e analisada de muitas maneiras. Não vou perder tempo com isso. O fato é que ocorreu – e cada um que escolha o que pensar. Em termos de comparação proporcional, seria como se a Inglaterra tivesse matado Hitler ainda em 1941, num ataque certeiro. A História (com H maiúsculo) teria mudado. E a história do Oriente Médio vai mudar, também. É o que clama a mídia mundial, informando que esse foi o maior ataque dessa guerra que já dura quase um ano e não há como ele ficar impune. Os aiatolás exortaram todas as nações islâmicas do planeta a uma guerra total contra Israel. Total e definitiva. Jihad em grande estilo. Os israelenses estão em alerta total contra isso – o que não garante nada. Sua precisão militar foi comprovada e aquela inteligência que jogava dominó quando do ataque do Hamás, está em toda parte, talvez por efeito de alguma lavagem cerebral bem efetuada. Mas nada disso serve qu...

Perdido em Israel - Trecho 245

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26 de setembro de 2024 Agora faltam apenas onze dias para esse livro terminar, na celebração dos mortos do maior ataque terrorista proporcional de todos os tempos. Ou – e eu já estarei fora – de um possível novo ataque, que a inteligência de Israel deve estar monitorando atentamente. Mas tudo indica que a guerra acabou em Gaza – e com ela os reféns que ainda resistem. Essa é a triste constatação dos grupos de parentes que não desistem nunca – e estão cobertos de razão. Em guerras, quase todas elas, a essência é vencer e nunca salvar. Israel e o Hezbolá estão se destruindo mutuamente naquele terceiro país que surgiu entre o sul do Líbano e o norte de Israel, onde ninguém pode correr o risco de viver ou de praticar qualquer atividade, exceto as militares. Na sempre inócua reabertura da Assembléia das Nações Unidas, ouviu-se de tudo a favor e contra, sempre há quem tenha um lado, pelo motivo que for. Lula Ibrahim da Silva é, há anos, um estadista respeitado, embora caquético. Como já fora...

Perdido em Israel - Trecho 244

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24 de setembro de 2024 A cautela e a observação do que está acontecendo no Líbano (e prossegue) levam-me à óbvia conclusão de que, sim: é guerra o que está vem acontecendo na região. Ainda não uma guerra total, mas um conflito violento com a intenção de destruir (o que não me parece possível) o Hezbolá. Netanyahu diz que está esvaziando o movimento, destruindo seus mísseis, suas plataformas de lançamento, indústrias de armamentos e matando suas lideranças mais proeminentes. Depois de esvaziados os riscos mais letais, de maneira provável, virá a invasão. O mundo se mostra, como sempre, “preocupado com o avanço”, potencialmente o pavio de uma guerra muito maior. Os óbvios e ululantes de sempre, de Mahmud José Dirceu, a a Luiz Inácio Ibrahim da Silva e outros tantos, de muitos países e diversas tendências políticas, gostariam, é claro, de estar ajuntando bombardeiros e pegando em armas contra o não menos facínora Netanyahu. Vive, no Brasil, a maior população libanesa fora de seu país de o...

Perdido em Israel - Trecho 243

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  21 de setembro de 2024 Evito falar sobre o recrudescimento da guerra entre Israel e Hezbolá, porque sinto que todos enlouqueceram naquela área, o número de ataques é crescente, assim como a mobilização de tropas (novas) de ambos os lados. Mais que isso: o conflito está em plena vigência e o que eu publicar agora, pode ser desmentido por fatos novos a qualquer momento. A humilhação do ataque a pagers e walkie-talkies acendeu um desejo intenso de o grupo devolver danos à Israel. Para os que não sabem, há registros do país de até sete mil anos atrás. Não é um país qualquer, por nenhum ponto de vista. De frente para o mar e de costas para montanhas nevadas e vales vicejantes, foi ali que se desenvolveu a civilização fenícia, possivelmente uma das primeiras a avançar mar afora, com milenar tecnologia náutica. Não cabe, aqui, contar os erros e tragédias que levaram à sua situação política atual, mas é indiscutível que, há muito tempo, é um país que não governa a si mesmo. Hoje, seus “d...

Perdido em Israel - Trecho 242

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19 de setembro de 2024 Adeus às ilusões. Adeus ao tresloucado cientista de longas melenas que introduzi na história, em um arroubo de ficcionista. Está tudo esclarecido: uma empresa israelense de fachada, chamada BAC Consulting e sediada na Hungria vendeu ao Hezbolá os pagers bichados. Eles eram oficialmente produzidos em Taiwan pela Gold Apollo e neles foi introduzido um explosivo chamado PETN. A operação toda teve início quando Nazralah, o hoje desmolarizado líder do grupo terrorista resolveu desfazer-se de celulares (aparelhos facilmente devassáveis) e trocá-los pelos velhos pagers invioláveis. Tudo começou muito antes do confronto com Gaza, em 2022. Para auferir maior credibilidade, a BAC Consulting produziu, também cargas de pagers sem explosivos para outros clientes. Os aparelhos começaram a entrar no Líbano, aos poucos, no início de 2022. Ninguém desconfiou e as compras do Hezbolá cresceram. Até que, anteontem, as pipocas começaram a estourar, resultando em diversas mortes e mil...

Perdido em Israel - Trecho 241

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18 de setembro de 2024 Pronto: agora são os walkie-talkies do Hezbolá que começaram a explodir. O prestígio de Hasan Nazrallah, líder do grupo, diminuiu a níveis constrangedores, com novas mortes no seu plantel. O clima vexatório e a falta absoluta de segurança entre os moradores do Líbano abala, além de tudo, o mito de que a facção terrorista sempre foi meticulosamente organizada e ciente de seu potencial. Vi uma charge engraçada que mostra membros da força apoiada pelo Irã tentando se comunicar com tambores. E se as batedeiras e liquidadores forem os próximos alvos do tal cientista aloprado de Israel? Na prática, surge um novo tipo de guerra e tecnológica que, algum dia, constará dos livros militares. Mas a tensão aumenta em toda a região, segundo os analistas que raramente acertam em suas previsões. Ocorre que uma das vítimas da explosão dos pagers foi o embaixador do Irã no país Mojtaba Amani. Os noticiários divergem quanto ao seu estado de saúde atual. Alguns notificam apenas feri...

Perdidoem Israel - Trecho 240

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  17 de setembro de 2024 Por fim, uma ação criativa e incomum nas manchetes de hoje. O que é fato: os pagers, antigos aparelhos de comunicação não rastreáveis, são usados, com inteligência, na comunicação entre os membros do grupo terroristas Hezbolá. Hoje, de um modo inesperado, milhares deles explodiram simultânemente, provocando um número (que só saberemos mais tarde) de terroristas mortos e, nas contas do grupo que comanda o Líbano, feriram ao menos 2800 pessoas, mais de 800 em estado grave. As imagens divulgadas são quase engraçadas. Num mercado qualquer, possuidores de pagers começam a explodir como pipocas entre circunstantes aos quais não acontece nada. Só. Vou entrar no perigoso campo da ficção. A inteligência de Israel, é claro, já sabia do uso dos pagers, porque deve ter recolhido vários deles nos diversos ataques que têm feito (e levado). Suponho que, neste momento, entra em campo um cientista de fartas melenas e olhar enlouquecido que começa a estudá-los. Não sei (nem ...

Perdido em Israel - Trecho 239

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  16 de setembro de 2024 Só para lembrar: faltam apenas três semanas para eu encerrar minha correspondência. No dia 7 de outubro, quando a guerra alcançar seu primeiro aniversário, vou dar um final qualquer a essas minhas longínquas viagens a terras que não visito há 55 anos. Sinto-me um drone envelhecido e os fatos não colaboram para que a narrativa tenha qualquer brilho. Desde há meses sei que tudo vai acabar mal, sem qualquer mudança de atitude de parte-a-parte, todas elas condicionadas ao poder de nações muito mais fortes. As pessoas, claro seguirão morrendo, algumas por Deus, outras pelo que chamam de Pátria. Sinto, também, pelo número decrescente de likes ou comentários, que o tema cansou e incorporou-se à outras realidades do planeta. Esse livro terá, se publicado, um volume grande. Mas é provável que ninguém, nenhuma instituição engajada ou independente, faça qualquer esforço para editá-lo. “Perdido em Israel”deve terminar seus dias em algum back-up ou numa destas nuvens es...

Perdido em Israel - Trecho 238

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  12 de setembro de 2024 Tenho usado nomes de gente, cidades e lugares ao meu bel-prazer. Gostaria de você respeitasse essa minha escolha, porque ninguém pratica o nosso alfabeto no Oriente Médio. Há milhares de anos todos os vocábulos que nos chegam de lá são transliterados, exceto por linguistas especializados. Assim, que diferença faz se Khan Yunes ora aparece assim, ora como Kan Iunis, além de outras variações. Meu objetivo, desde o longínquo dia em que comecei essa correspondência, foi colocá-los dentro do mapa. Se você escolher os originais em árabe, farsi, hebraico, aramaico no seu buscador, suponho que a chance de reconhecer alguma coisa serão remotas. Procure logo a transliteração. Que não significa tradução e nem é tão simples. Mas a vantagem de usar nomes sem ter de preocupar-se com sua origens etimológicas, é ter uma enorme certeza de que tudo o que você escrever aparecerá em outra parte de outra forma. Vejam o nome grupo terrorista Hezbolá: em alguns lugares, ele é usa...

Perdido em Israel - Trecho 237

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  11 de setembro de 2024 Um dia a ser lembrado. E também para ser esquecido. Como – em proporção maior, dado o tamanho das populações e o número de vítimas – o 7 de outubro passado. Ninguém escapa de tornar-se vítima de ataques dessas proporções. Países foram destroçados, a doutrina de vigilância permanente mudou os comportamentos mundo afora. Hoje, o ato de viajar (que é o podemos fazer de melhor em nossas vidas) transformou-nos, a todos, em poderosos terroristas, tenha você 12 ou 97 anos de idade. Haverá sempre alguém escutando o que se fala – e quase sempre interpretando observações banais como avisos de perigo. Se sua viagem tiver como destino os Estados Unidos da América, será ainda mais desagradável. Além dos brucutus que já nascem desse jeito, a tal doutrina de vigilância pôs no mercado milhares de pessoas que não podem sorrir, que tendem a amedrontar quem chega e que parecem (e são) imbecís profissionais. Conheço dezenas de casos de abuso de autoridade por parte dessa gente...

Perdido em Israel - Trecho 236

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10 de semtembro de 2024 Desculpem-me pela ausência. Quando o arquivo completo do que estou escrevendo se evaporou na minha frente, voltei a sentir falta da máquina- de -escrever que usava há décadas atrás, com cópias registradas em carbono. Só havia um jeito dos textos sumirem. Acho que, talvez, se houvessem assaltos à mão armada, um grupo paramilitar sequestrasse minhas laudas (sim, o resultado, em papel, chamava-se lauda). Mas é claro que isso nunca aconteceu, ainda mais porque eu escrevia sobre problemas da cidade e, de modo eventual, sobre casos criminais de repercussão. Na data do recente sumiço, o céu estava limpo na cidade, de modo que não haviam nuvens para armazenar o butim. Fui obrigado a entregar meu pequeno e único computador a um simpático cidadão esperto em vasculhar entranhas de laptops em geral. Ele mesmo, porém, teve que recorrer a estranhos programas remotos, que, nem em mil anos, eu saberia onde encontrar. Em resumo: perdi cinco ou seis dias de trabalho nesse e noutr...

Perdido em Israel - Trecho 235

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  3 de setembro de 2024 A mudança de atitudes e discursos dá, mesmo, à Israel, a triste impressão de que nada é planejado e os humores mudam como os ventos que vêm do Mediterrâneo ou dos desertos. Bibi determinou, em um ato inédito de bondade, que suas forças de defesa (nesse caso de ataque) levem adiante atos humanitários no enclave de Gaza, distribuindo alimentos, equipamentos de subsistência e, até, ajudando os palestinos considerados não engajados com a causa do Hamás. Não sei de detalhes, mas políticos e militares já condenaram a atitude contraditória do primeiro ministro, com o argumento de que haverá maior risco para os soldados que seguirem a nova ordem. Benny Gantz (foto), ex-aliado e hoje declarado inimigo de Netanyahu, disse que caso o primeiro ministro esteja cedendo à pressões internacionais, o melhor é que se retire e volte para casa. Benny tem grande força política, sobretudo nos setores mais reacionários do país, e todos sabem que almeja suceder a Bibi – o que, a me...

Perdido em Israel - Trecho 234

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2 de setembro de 2022 Quando as palavras já não valem mais, seu conteúdo soa vazio. Bibi (permitam-me a intimidade) pediu desculpas às famílias cujos reféns, jovens, foram mortos, mas não mudou de atitude. Sua prioridade nunca foi o resgate dos reféns, mas, a meu ver, a vingança pelo que ocorreu em 7 de outubro do ano passado. O líder local tem sido criticado mundo afora por não avançar em qualquer tipo de acordo, desfruta de baixíssima popularidade no próprio país e prometeu o que mais gosta de fazer: um ataque poderoso à Gaza para vingar os nunca escapados e os recém mortos. Os números não são claros. Existem, em Gaza, sequestrados ainda vivos? Ou apenas corpos e mais corpos à espera de um sepultamento junto às famílias, quase todas enlutadas há muito tempo. Os seis mortos de anteontem servirão apenas para aumentar o morticínio de famílias inocentes que vivem em Gaza? Há fortes cisões em Israel. A maior central sindical do país, que é quase trinta anos mais velha do o próprio país, q...

Perdido em Israel - Trecho 233

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  1 de setembro de 2024 Um dia palestino em Israel. Após encontrar outros seis reféns mortos, todos eles jovens e sorridentes em suas fotos de perfil, o grupo crescente de inimigos de Netanyahu fez o que se faz em Gaza, Khan Yunis ou Rafah: decidiu avançar pelas ruas com seus corpos em caixões fechados sobre os ombros. A imensa plateia chorou com os familiares, todos eles, apesar das evidências em contrário, ainda cheios de uma esperança inútil, que, em certos casos, é a primeira que morre. Os corpos vêm sendo encontrados, em avançado estado de decomposição, no tal corredor Filadefi, que fica em frente ao muro que separa Gaza do Egito. Têm-se a trágica impressão de que todos os corpos tornaram-se corpos em 7 de outubro do ano passado. Quiçá fosse tudo programado, para evitar a dificuldade de abrigá-los e alojá-los. Ou apenas pura maldade. Mas não é só isso. Os israelenses vão enfrentar outro problema grave: a Histadrut, que é a central sindical dos trabalhadores israelenses há 104 ...

Perdido em Israel - Trecho 232

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  29 de agosto de 2024 Dilacerante foi a palavra que encontrei para descrever a carreata de familiares de reféns rumo aos limites de Gaza. Sequer consigo avaliar o desespero que toma conta de cada um deles – a maioria disposta a caminhar dentro do território em guerra para resgatar, com as próprias mãos, os reféns que ainda estejam vivos ou os restos mortais de seus entes queridos. Seria quase um ato de suicídio coletivo, mas significa uma tenacidade e um amor imenso de que foram privados no dia 7 de outubro, num ataque vil. Era só isso que eu queria dizer, em meio às notícias de sempre. Tenho a impressão de que a força dessa gente e das milhares de pessoas que a elas se aliaram vai mudar para sempre (e para melhor) o jeito de ser de um estado truculento e sem prioridades. Próximo trecho 233

Perdido em Israel - Trecho 231

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  28 de agosto de 2024 Veio para São Paulo, ontem, Jacqueline Ruperto, uma das minhas correspondentes em Israel. Tivemos um encontro emocionado em uma linda exposição de fotos de sua falecida mãe, a querida, saudosa e sempre enlouqucida Stefania Bril, ex-crítica de fotografia do Estadão, autora de diversos livros e amiga de longa data de meus pais, onde ambos tiveram casas de montanha em Campos do Jordão. Foi no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, seguida de debates num auditório lotado. Fiquei muito impressionado com o prestígio de que Stefania ainda desfruta – a meu ver mais que merecido. Não via Jacquie há três décadas. Ela foi efusiva, lembramos de outros tempos e conheci seu marido Marc, um simpático e, pareceu-me, raso entendor do que se passa no país onde vive. Sua atitude, pelo que depreendi, é a de um torcedor de Israel. Tentei mais conteúdo, mas o ouvi dizer que “aposta que vai dar tudo certo”. Não mais. Já minha velha amiga envelheceu, como todos, mas segue aparentem...

perdido em Israel - Trecho 230

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26 de agosto de 2024 Com o noticiário incandescente das primeiras horas de ontem, pensei que a guerra no norte de Israel havia realmente estourado para valer. Lembrei-me, também de ter dito aqui que os iranianos usariam seus proxies para um mega ataque, de modo a permanecer na sombra. Nasrallah anunciou vingança, lançou um número indeterminado de mísseis, drones e foguetes russos katyusha (que significam pequena Katia, em homenagem à impiedosa czarina Catarina, a grande) e o mundo irrompeu em manchetes anunciando guerra total. Israel, informada sobre a ofensiva pelos seus serviços secretos, reagiu imediatamente, enviando cem jatos para – vejam só – apenas destruir os lançadores de mísseis do Hezbollah. E apanhando o resto no tal domo de aço. Cheguei a rabiscar algumas linhas sobre o caos que se seguiria. Lembrei-me, porém, de meu avô berlinense que sempre me dizia para dormir “sobre um tema”, antes de tomar decisões precipitadas – e resolvi fazê-lo. Eis que, como quase sempre, o velho ...

Perdido em Israel - Trecho 229

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24 de agosto de 2024 Alguma coisa desagradável deve ter acontecido em minha vida nesta data. Não tenho a menor ideia do que seja, mas a data me incomoda. Nesse dia, há 70 anos, Getulio Vargas, em suas palavras, “deixou a vida para entrar na História”. Há quem ainda cultue a lembrança do ditador, que, promoveu, sim, importantes avanços trabalhistas, mas que não teve nenhum remorso ao enviar Olga Benário (foto), judia, esposa de Luiz Carlos Prestes, seu rival político, para a Alemanha - onde ela havia nascido – e morreu rapidamente, gaseificada no campo de extermínio de Bernburg, aos 34 anos. Esse único fato fez de Getúlio um criminoso imperdoável – embora sua “capivara "seja extensa. E por que razão estou falando dele? Apenas pela efeméride. 24 de agosto, um dia que considero aziago e nem sei por que razão. Eu mesmo nasci no ano seguinte e levei anos para conhecer essa faceta do caudilho gaúcho. Ocorre que ditadores são ditadores – e isso é das piores coisas que sobrevive até hoje,...

Perdido em Israel - Trecho 228

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  23 agosto de 2024 Leio, anoto e deleto. Nenhuma notícia faz sentido nesse momento da guerra do Oriente Médio. Acordos, como tenho dito há meses, não saem, pois que dependem de concessões políticas e territoriais que parte alguma está disposta a fazer. Ou por outra: como disse recentemente, é fisicamente impossível misturar a água ao azeite, porque suas densidades são diferentes. Bombas? Um horror permanente e inútil, de que nenhum parte abre mão. Um rugido com vítimas que se repete há meses. O poder de persuasão de armas fortes é indiscutível em qualquer guerra. No caso específico, segue sendo apenas uma troca de “gentilezas” inconsequente. Assim como não há acordo em mesa alguma, todos relutam em mostrar até onde pretendem ir. Estou cansado daqueles surradas imagens de colunas de fumaça levantando a poeira dos desertos. A que se produz hoje é igual às demais, desde 7 de outubro do ano passado. A aritmética macabra de quem ou quantos morreram continua dando resultados vertiginosa...