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Perdido em Israel - Trecho 194

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  29 e 30 de junho de 2024 É extraordinário. Não existe, de fato, qualquer aritmética que permaneça de pé no dia a dia da guerra de Gaza. Há três ou quatro dias (dá até arrepio em usar números) o governo de Israel anunciou que em duas semanas estaria tudo resolvido na famosa faixa. Isso soou como um fim provável desse conflito e ninguém, em sã consciência, poderia imaginar que tudo estava mesmo acabando, ainda que dando mais uma ou duas semanas de tolerância. Eis que as forças armadas de Israel anunciaram, hoje, a descoberta de tantos túneis ligando um lado ao outro da fronteira que um novo cálculo entrou em questão. Destruir a todos e impedir a circulação de bens, armas e terroristas através dele, levará, segundo a nova estimativa, ao menos seis meses. Em outras palavras, a batalha, em seus estertores, vai durar pelo menos até o fim do ano, com boas chances de atingir 2025. Sem contar as outras frentes em que Netanyahu promete interceder. Observadores como eu tenho tentado ser, sã...

Perdido em Israel - Trecho 193

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  28 de junho de 2024 Os leitores mais atentos já entenderam, há muito tempo, que a guerra de palavras, quase todas vazias de conotação, é uma reviravolta diária. Em determinado dia, espreme-se; noutros, afaga-se. Traduzindo: nada é crível nem sustentável. Vejam o caso de hoje: depois de anunciar ao mundo que está pronto e planejado para invadir o Líbano e – se possível – desmantelar o Hezbolá, o Ministro da Defesa de Israel, o poderosíssimo Yael Galant veio a público para desdizer tudo o que já foi dito. Sem sequer corar, Galant afirmou que “prefere uma solução diplomática a guerrear com o Hezbolá”. Tudo isso sob uma grande barragem de tiros e bombas lançadas no norte de Israel – hoje também! É evidente que concordo com qualquer solução que satisfaça ambas as partes. Aposto que você também. Mas a tal declaração de Galant é tão surpreendente como se ele anunciasse, com dias de antecedência, os números que vão ser sorteados em alguma loteria – e devem haver muitas delas no país. O e...

Perdido em Israel - Trecho 192

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  27 de junho de 2024 É sempre blá-blá-blá político, mas o primeiro ministro Netanyahu afirmou, hoje, que o Irã planeja conquistar o Oriente Médio à força, em sete frentes distintas. Seriam elas o Hamás, o Hezbolá, os Houtis iemenistas, milícias no Iraque e na Síria,os guerreiros das terras palestinas da Cisjordânia e o próprio Irã. Chamou a essas forças combinadas de Eixo do Irã. Para quê? Para obter mais auxílio militar? Para, nas entrelinhas, avisar que vai combater todas essas forças? Ou simplesmente para seguir no poder? O Bolsonaro de solidéu sabe que enquanto houver guerra, há esperança. Poucos duvidam que, ao arriar do poder, Netanyahu deve ser encarcerado, em consequência da quantidade de crimes de corrupção pelos quais já foi julgado. Ou será que vai fugir para algum balneário na Flórida? Diante desse dilema, a alternativa é mesmo continuar guerreando. E esse raciocínio não inclui, de minha parte, necessidades estratégicas ou humanitárias, embora os fatos ajudem. Hoje mes...

Perdido em Israel - Trecho 191

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  2 6 de junho de 2024 Quando comecei esse livro, muito meses atrás, foi para tentar fazer uma cobertura inédita de uma guerra sangrenta. Confesso que foi, também, para ocupar-me, num momento em que tinha encerrado outros livros, quase todos de ficção. Esse seria diferente – e está sendo, porque me forço a pesquisar o que se escreve sobre o tema em diversos países do mundo, inclusive os que fazem parte da celeuma. Não demorou para eu começar a selecionar o joio do trigo. Não há noticiário sem compromissos com um lado ou com outro. Os fatos desaparecem, seguindo a máxima de que “em qualquer guerra, a primeira vítima é a verdade”. É possível que ela apareça através de um jornalista mais independente. Mas como e onde encontrá-lo? Os números, também, são todos manipulados, assim como os videos repletos de trucagens. Enfim: nada é o que parece e, no futuro, prevalecerá a narrativa do vencedor – como historicamente ocorre. Israel anuncia, agora, de forma quase peremptória, que a questão ...

Perdido em Israel - Trecho 190

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  2 4 e 25 de junho de 2024 Eles se consideram os guardiões do judaísmo. Por isso passsam o dia rezando e estudando, exceto nos momentos em que invadem terras da Cisjordânia para, ilegalmente, construir colônias em terras que não são suas. Eu volto a chamá-los de aitolás de Israel, porque eles simplesmente não aceitam que os demais judeus étnicos, praticantes de seitas mais liberais (ou mesmo conservadoras) sejam, de fato judeus. Convivem, sem prazer, com seus vizinhos, mas têm forte força política. Nunca são a maioria no congresso, mas os políticos precisam deles para compor suas próprias maiorias. Chamam-se haredim e são 12% da população de Israel. Mas como procriam mais do que o resto do país, devem ser 16% dos israelenses em cinco anos. Você já os viu na cidade e nos aeroportos: vestem-se de preto, usam melenas que descem a partir de suas costeletas, têm longas barbas e formidáveis chapéus felpudos que não abandonam nem no calor do deserto. Conheço muitos amigos que confundem e...

Perdido em Israel - Trecho 189

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  23 de junho de 2024 Vocês já ouviram falar do Daguestão? É ums repúbica russa bastante grande, na região do Cáucaso e à beira do Mar Cáspio e nenhuma outra área da Rússia tem região tanta variedade étnica. A maioria de sua população, contudo, observa o islamismo. Para que seja mais fácil sua localização fica ao sul da Calmíquia, famosa por ter os únicos camelos indo-europeus do mundo. A Calmíquia ganhou relevância no mundo porque é, há décadas, um grande centro enxadrístico. Um de seus líderes, que afirmam ter sido um grande-mestre de xadrês organizou, em sua pátria, ordenou que todos os seus habitantes patricassem o “esporte”e organizou a primeira Olimpíada Internacional de Xadrês no final do século passado. Para que servem essas informações? Ora: apenas para enriquecer seus conhecimentos gerais e para informar que, de acordo com os jornais israelenses, uma sinagoga em Makhatchkala, sua capital foi atacada nesse domingo e do ataque resultaram sete judeus mortos ou feridos. Soou-...

Perdido em Israel - Trecho 188

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  22 de junho de 2023 A bonança costuma anteceder ou suceder a tempestade. O estranho silêncio bélico que se instalou (ou que nem sequer é noticiado) nas terras conflagradas pode prenunciar algum tipo de ação estrepitosa na semana que entra. Sim: essa é uma não-noticia. Não tem base e me transforma, hoje, num especulador rabugento. Ocorre que os líderes israelenses foram substituídos por outros mais radicais. Ocorre que as manifestações de rua – inclusive na frente de casa de Netanyahu, em Cesarea, não são lamentos, mas ameaças que se robustecem. Ocorre que as questões entre o Hezbolla e as forças de defesa de Israel estão no limite. E ocorre que, também, cada dia são mais cultuadas as lembranças dos reféns remanescentes. Os norte-americanos afirmam (com base em quê? – me pergunto) haver, no máximo, cinquenta reféns ainda vivos na Faixa de Gaza. Isso é pouco ou muito? E, no entanto, o clima é de bonança nos jornais de Israel; talvez seja eu que tenha acordado um sono longo e químic...

Perdido em Israel - Trecho 187

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21 de junho de 2024 Não tenho muito para contar hoje. Tudo segue intranquilo como ontem, ameaças de cá e de lá (ponham na ordem preferida), bombas que vão e vêm, hoje sem impacto exponencial, vida e morte que seguem – talvez para sempre. Vale, entretanto, notar, como o século 21 arma seus planos peculiares: no início da temporada de peregrinação dos muçulmanos rumo à Meca, uma festividade de fervor religioso quase incomparável, juntam-se a fé e o novo clima – descontrolado como todo o resto – que vêm aniquilando, sem piedade, os que caminham pelo deserto para a cidade de Meca, onde nasceu Maomé. Pessoas, sobretudo as mais pobres, estão sendo torradas e desidratadas na rota, em proporção muito maior do que acontecia nos últimos anos. Não: não é castigo, culpa ou que for. É apenas o fato de que o mundo vem mudando mais rápido do que o previsto e o que antes era glória e dever dos islamitas, vai ter de mudar, como todo o mundo está mudando, sem qualquer ordem ou liderança para mostrar os ...

Perdido em Israel - Trecho 186

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  20 de junho de 2024 O nordeste do Brasil está ardendo! Mas, calma: são os festejos juninos, fogos e estrondos, dança e comidas locais, para festejar, no dia 24 (embora a furdunço e os folguedos já venham de quase um mês. São João, como se sabe, foi um dos profetas que anunciou o advento de Jesus de Nazaré, batizado nas águas do rio Jordão e morreu decapitado por Herodes, a pedido (segundo a Bíblia) de Salomé, que seria sua mãe. Você sabe que as histórias da Bíblia muitas vezes não fazem nenhum sentido – e nem precisam, porque delas provém os dogmas. De qualquer forma, São João Batista (há outros, cuidado) foi quem conquistou os corações do Brasil e, de alguma forma revive, no uso exagerados de fogos e explosões o passado tempestuoso do Oriente Médio – tão atual que dura até hoje naquelas terras. Confesso que me perco nessa coisa de hagiologia, que é o estudo dos santos. Vê-se diariamente, que o que menos existe naquela região são santos, teoricamente pessoas serenas e pachorrenta...

Perdido em Israel - Trecho 185

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  19 de junho de 2024 Sayyid Hassan Nasrallah é o nome do momento. O líder do Hezbolá, em sua vida sofrida (mas escolhida) de terrorista, resolveu elevar o tom das ameaças. Hoje, em comunicado oficial, ele vociferou: “Preparem-se: não há mais nenhum lugar seguro em Israel!” De quebra ameaçou bombardear a ilha de Chipre, que, a seu ver, está invadindo a guerra ao permitir o uso de seus aeroportos para fins de treinamento militar do que chama de “inimigos”. Pode ser apenas mais uma bravata, mas confesso que senti um arrepio diante da possibilidade, cada dia mais clara, de um ataque mútuo entre Israel e o Hezbolá – que, como em Gaza, há de envolver inocentes libaneses, desprovidos de qualquer simpatia pelo grupo que, à força, detem o poder sobre o país. Lembro-me, com carinho, dos libaneses cristãos maronitas que imigraram para o Brasil e foram determinantes na tarefa de construir nossa nossa Nação e nossa nacionalidade. Eles representam, ainda, entre 36 e 40% da população do Líbano, ...

Perdido em Israel Treho 184

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  18 de junho de 2024 “São pessoas sem norte.”, diz um provérbio para identificar elementos ou grupos que parecem totalmente perdidos, geográfica ou ideologicamente. Refiro-me, claro, aos novos e perigosos caminhos dessa guerra sem rosa dos ventos. Bastou tomar posse o novo e mais agressivo departamento de guerra de Israel para que Itamar Ben Gvir, ministro da segurança do país, “direitista” sem meios termos, anunciasse que seu país prepara uma ofensiva sem precedentes no sul do Líbano – que vem a ser o norte da chamada terra prometida. É claro que os detalhes não foram divulgados e são, por enquanto, sigilosos, mas um anúncio desse tipo é mais do que uma ameaça. Digamos que seja uma intenção – e pelo jeito já formatada. O Hezbolá deve ter planos semelhantes, o que vai resultar em novo e mais feroz embate. Pelo que se entende, os israelenses gostariam de tirar o poder que seu oponente exerce no país vizinho, dizimá-lo e transformá-lo numa sombra do que é – do jeito que está fazendo...

Perdido em Israel - Trecho 183

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  17 de junho de 2024 Não sou nenhum gênio, mas está acontecendo tudo conforme o previsto. Netanyahu tenta reunir mais forças de ultradireita, o que é algo como chamar abutres para um festim de sangue. Hoje, o primeiro-ministro dissolveu seu gabinete de guerra. Não precisou fazer força: bastou um peteleco para que o antigo conselho, rachado como uma casca de ovo, saísse de cena. O novo, podem ter certeza, vai ser pior e mais virulento. Até por isso, os rallys – que é como eles chamam as manifestações – ficaram mais agressivos também. Perto da casa onde vive o primeiro-ministro, um dos grupos de opositores que querem a renúncia do próprio, e um novo destino para a guerra, a agitação foi tamanha, que levou nove pessoas ao cárcere. O povo começa a brigar mais abertamente e com maior volume. Não há de demorar muito para que armas, desviadas possivelmente, do arsenal israelense, tornem os atos muito mais violentos. De acordo com minhas apurações particulares, nem a direita moderada, nem...

Perdido em Israel - Trecho 182

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  16 de junho de 2024 O Hamás matou oito soldados israelenses em Rafah. Não foi um, nem foram dois. Oito é o número, no mais grave atentado isolado contra as forças militares israelenses em Gaza. Uma boa lembrança para quem acredita que o grupo terrorista está acuado e sem capacidade de reagir. Não tenho ideia do tamanho do arsenal e do ódio que segue assolando a região, mas me parece que eles (o arsenal e o ódio) estão sendo subestimados. O mesmo ocorre em Israel. Dezenas de milhares de manifestantes, nas maiores cidades do país explodiram em demandas: acordo pelos reféns, eleições imediatas e mais manifestantes nas ruas de todas as cidades. Já não é mais possível chamá-los de grupos isolados. Uma nova frente surge, dessa vez nas entranhas da terra santa, com potencial para transformar-se numa revolução interna. Se não for de fora para dentro, será de dentro para fora. O governo, desmilinguido, apoia-se nas frentes mais reacionárias e ortodoxas para não cair da corda bamba. A opos...

Perdido em Israel - Trecho 181

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  15 de junho de 2024 A guerra vai se medievalizando. Ainda não há lanceiros, tampouco entreveros entre cavaleiros com armaduras combatendo com flexívie venábulos. Mas eis que a catapulta ressurge de forma inesperada. As forças de defesa de Israel aproximaram-se de um muro que as separa do Líbano e, usando o mecanismo arremessaram bolas de fogo por cima da amurada. Diz-se que desde o século 16 não se usam catapultas, que são uma espécie de lançador grande no formato de uma colher. Pode-se usar bolas de fogo, sacos de alimento ou seja o que for, dependendo do propósito. Em terras de hábitos bíblicos como o apedrejamento, o esquartejamento e muito mais, a nova/antiga arma remete a guerras ancestrais. O IDF diz que foi uma ação localizada, mas já se especula que há estoques de fundas, antigos objetos de correias com o qual os antigos alvejavam seus inimigos com pedras ou o que se tivesse à mão, em algum arsenal oculto. Não se sabe de vítimas e, portanto, o uso de traquitanas como essa...

Perdido em Israel - Trecho 180

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13 de junho de 2022 Esfria o sul, esquenta o norte. E muito. Depois de dias de bombardeamento de parte, os ataques entre Líbano (leia-se Hezbolá) e Israel beiram a guerra total. O grupo, mais forte do que o Hamás, perdeu a paciência com o míssil que matou Taleb Abdullah, supremo comandante das forças que ocupam o triste e belo país dos cedros. Imediatamente, oitenta bombas foram lançadas em direção ao norte israelense, quase desocupado por populações civis - deslocadas para locais mais seguros. Uma amiga que vive em Haifa disse-me por WhatsApp, balbuciante e emotiva, que “agora está muito sério e perigoso”. É das pessoas mais positivas que conheço. Se bem me lembro (porque só estive lá, menino, há 55 anos), o norte de Israel é muito mais belo do que o sul. Não tem desertos. É luxuriante, montanhoso e tem o mar da Galileia (foto), de quase 170 quilômetros quadrados, ao pé das colinas de Golan. Cenário de folhinha, dessas que ficam o ano todo penduradas na parede. Nada da brutal aridez d...

Perdido em Israel - Trecho 179

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  11 e 12 de junho de 2024 Não comentei nada sobre o 11 de junho, mais um dia de acordos que não são aceitos - e serão, sempre, inconciliáveis. Nem entendo por que a mídia internacional se dedica a essas balelas. Há outras questões, porém, que são cada dia mais espantosas. Em todo o mundo, cresce a participação de membros da comunidade LGBTQIA+ em apoio ao Hamás. É evidente que eles têm direito de se manifestar como quiserem. Mas não é sensato. Fui buscar, na BBC de Londres, o que se discute a respeito. “Pode-se dizer que a repressão contra membros da comunidade LGBTQIA+ é maior hoje no mundo islâmico do que nas sociedades de tradição cristã, budista, hindu, confuciana ou judaica. Seus líderes espirituais, dos aiatolás iranianos ao Grande Mufti saudita, consideram a homossexualidade um crime que contraria as normas do Islã e deve ser severamente punido.”, diz o texto, assinado por Atahualpa Amerise. Só para citar o destino de homossexuais em alguns dos países da região: “Irã, Arábi...

Perdidos em Israel - Trecho 178

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  10 de junho de 2024 Hoje foi dia de mais um acordo que não vai dar certo. Israel prometeu trégua total até que o Hamás devolva todos os reféns. Depois, claro, de volta aos trabalhos. A quantidade de papel que se gasta nessas bobagens intermináveis deve estar afetando o equilíbrio ecológico do planeta, mas espero que a celulose venha de plantações sustentáveis. A guerra, todas elas, desequilibra a economia como um todo. A indústria armamentista ganha fortunas. A petroleira sofre, mas sempre se recupera. Perde-se dinheiro a rodo nas bolsas de valores, porque guerra é sinônimo de instabilidade. Os fabricantes de uniformes e as tecelagens especializadas exultam. Assim como quem produz tecnologia bélica ou aplicativos que servem aos generais e são adquiridos sem qualquer competição nesses chamados “momentos de segurança nacional”. Perde a indústria do turismo, perde a quitanda que tem poucos itens a vender, perdem os restaurantes mais caros, porque há menos gente disposta a sair de ca...

Perdido em Isarel - Trecho 177

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9 de junho de 2024 Diversos leitores me chamaram de parcial e faccioso pelo que escrevi ontem, celebrando a liberação de quatro reféns que estavam em posse do Hamás. Deixem-me fazer um esclarecimento. A guerra é a guerra e vivo debatendo as ações de Israel e de seus adversários naquele lugar. Os reféns são outra história e foi a eles que me referi. Se fossem reféns civis palestinos levados por Israel, eu teria a mesma atitude. Ou reféns de assaltos no Rio, em São Paulo, Daca ou Cartum. Como disse ontem, abduzir inocentes à força é um crime cruel, pérfido e perpetrado por covardes. Se você discorda disso, está precisando de um médico - da especialidade que for. “Ah, mas não precisava haver tanto morticínio”, dirão alguns. Não sei. Ademais, se os raptores decidiram não devolver os capturados e ocultá-los em meio a uma multidão de refugiados, o problema nunca seria de quem solta, mas de quem prende. Ou estou errado? Houve festa em Israel onde, (como afirmei erradamente ontem) deu praia e ...

Perdido em Israel - Trecho 176

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8 de junho de 2024 Foi o sábado mais feliz em Israel desde o dia 7 de outubro de 2023 – também um sábado. Os sábados, por lá, são como nossos domingos. Datas de descanso, passeios – e muita praia, para quem as têm. Um calor danado por lá levaria multidões ao Mediterrâneo, mas a chuva atrapalhou. Nada, contudo, que oblubinasse a grande festa que tomou conta do país com a inesperada e certeira da recuperação de quatro reféns nas mãos do Hamás há oito meses – a primeira real vitória do movimento “Bring them Home ”(Traga-os para casa!) nesse conflito sinistro e traiçoeiro. Todos eles – Noa Argamani, Almog Meir, Amdrey Kaslov e Shlomi Ziv – sãos, e já de volta para suas famíias. A operação ocorreu em um campo de refugiados em Nuseirat. Para resgatá-os, três forças israelenses atuaram em conjunto: o Shin Bet, a IDF e até a Yaman, que é a polícia de Israel – cujo líder, Arnon Zamora, de 37 anos, foi morto a balas. Na aritmética inexata de qualquer guerra, Israel anunciou que 90 terroristas fo...

Perdido em Israel - Trecho 175

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  7 de junho de 2024 Suponho que todos vocês tenham aprendido ou ouvido falar sobre as “guerras púnicas”, três grandes conflitos entre romanos e cartagineses, à época pela disputa do controle do mar Mediterrâneo. Venceram, enfim, os romanos, que destruíram Cartágo, acabaram com seus habitantes e salgaram suas terras. Esses conflitos ocorreram por volta do século 3 antes de Cristo e há um episódio inesquecível e inacreditável que a História registrou. Aníbal, o líder de Cartágo fez o quase impossível. Enviou um exército e 37 elefantes para a Europa, tendo atravessado o Mediterrâneo e ultrapassado os Alpes (em sua parte litorânea) montado em seus paquidermes, com o objetivo de entrar na península itálica e destruir Roma, despreparada para combater animais tão colossais. A história é repleta de detalhes épicos, mas depois de muito esforço, os milhares de soldados acabaram dizimados. Os elefantes, extenuados e magros, contudo, sobreviveram. Contada hoje, essa batalha parece pertencer a...