Perdido em Israel - Trecho 120
Sobel Os rabinos conservadores que conheci no passado iriam me recriminar pelo que tenho dito. Henry Sobel, o primeiro rabino progressista do Brasil, o espantoso orador que fazia silenciar as moscas, acharia graça. Sobel foi (independente de seus erros pessoais) o homem que tirou os judeus da sombra da ditadura, ao combatê-la sem medo. Celebrou a missa de Vladimir Herzog numa Catedral da Sé lotada e recusou-se a aceitar que Herzog, um bom jornalista, tivesse ceifado sua própria vida, dentro das instalações do DOI-CODI, onde estava preso e vinha sendo torturado. A vida é sagrada para os judeus e os suicidas são enterrados do lado de fora dos cemitérios judaicos. Apesar da pressão e da possibilidade de ter o mesmo destino do jornalista, Sobel presidiu a cerimônia que o enterrou bem no meio do Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo, redimindo-o perante Deus e a sociedade – que mais tarde, conheceria a história verdadeira depois de longas investigações. Ainda vou falar desse estranho...