Perdido em Israel - Trecho 237

 



11 de setembro de 2024

Um dia a ser lembrado. E também para ser esquecido. Como – em proporção maior, dado o tamanho das populações e o número de vítimas – o 7 de outubro passado. Ninguém escapa de tornar-se vítima de ataques dessas proporções. Países foram destroçados, a doutrina de vigilância permanente mudou os comportamentos mundo afora. Hoje, o ato de viajar (que é o podemos fazer de melhor em nossas vidas) transformou-nos, a todos, em poderosos terroristas, tenha você 12 ou 97 anos de idade. Haverá sempre alguém escutando o que se fala – e quase sempre interpretando observações banais como avisos de perigo. Se sua viagem tiver como destino os Estados Unidos da América, será ainda mais desagradável. Além dos brucutus que já nascem desse jeito, a tal doutrina de vigilância pôs no mercado milhares de pessoas que não podem sorrir, que tendem a amedrontar quem chega e que parecem (e são) imbecís profissionais. Conheço dezenas de casos de abuso de autoridade por parte dessa gente. Aposto que você também teria histórias a contar.
Ontem, quando mencionei meus arquivos perdidos, ruminei a hipótese de que há algo que nunca se perde. O exagero, a truculência e a ausência de empatia, por exemplo. Sentimentos desprezíveis em qualquer lugar do mundo, que agora valem medalhas e condecorações.
Em Israel, a guerra parece ter, outra vez, tomado um vulto maior. Mais ataques, mas réplicas, mais mortos. Israel não se acanha sequer em atingir alvos na Síria. Novas preocupações para todos. Novos mártires.
Você, como eu, há de se lembrar do que fazia quando as Torres Gêmeas cairam numa luminosa manhã de setembro. Talvez nem tanto do ocorrido em 7 de outubro do ano passado. Esse milênio de horror, guerras e pandemia, parece ter nascido de fados e fardos.


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