Perdido em Israel - Trecho 235
A mudança de atitudes e discursos dá, mesmo, à Israel, a triste impressão de que nada é planejado e os humores mudam como os ventos que vêm do Mediterrâneo ou dos desertos. Bibi determinou, em um ato inédito de bondade, que suas forças de defesa (nesse caso de ataque) levem adiante atos humanitários no enclave de Gaza, distribuindo alimentos, equipamentos de subsistência e, até, ajudando os palestinos considerados não engajados com a causa do Hamás.
Não sei de detalhes, mas políticos e militares já condenaram a atitude contraditória do primeiro ministro, com o argumento de que haverá maior risco para os soldados que seguirem a nova ordem.
Benny Gantz (foto), ex-aliado e hoje declarado inimigo de Netanyahu, disse que caso o primeiro ministro esteja cedendo à pressões internacionais, o melhor é que se retire e volte para casa.
Benny tem grande força política, sobretudo nos setores mais reacionários do país, e todos sabem que almeja suceder a Bibi – o que, a meu ver, na prática, faria tudo permanecer igual.
Joe Biden urge para que se feche um acordo antes do encerramento de seu mandato como presidente dos Estados Unidos da América. Suas condições são fortes: quer todos os reféns remanescentes (diz-se que são apenas 61 agora) libertados e exige, em troca (ao que se saiba), que Israel cesse suas operações no chamado corredor Philadelpi (ora com ph, ora com f), que é a estradinha de terra que separa Gaza do Egito – hoje tranformada numa muralha militar para cercar quem ainda vive e age na cidade de Rafah.
De novo um dilema: a vida dos reféns contra o abandono de uma posição estratégica, conquistada ao custo de muitas vidas de ambos os lados.
É evidente que sou a favor da liberação dos sequestrados, todos eles, em troca de qualquer posição militar. Entretanto, temo que após o acordo, Israel sinta-se à vontade para retomar posições que tinha. Não porque o Hamás não mereça ser exterminado (o que, como tenho dito, nunca vai acontecer) pelos atos covardes que iniciaram essa guerra. Meu temor é sempre grande quanto aos inocentes. Nunca será fácil separá-los dos culpados.
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