Perdido em Israel - Trecho 229




24 de agosto de 2024


Alguma coisa desagradável deve ter acontecido em minha vida nesta data. Não tenho a menor ideia do que seja, mas a data me incomoda. Nesse dia, há 70 anos, Getulio Vargas, em suas palavras, “deixou a vida para entrar na História”. Há quem ainda cultue a lembrança do ditador, que, promoveu, sim, importantes avanços trabalhistas, mas que não teve nenhum remorso ao enviar Olga Benário (foto), judia, esposa de Luiz Carlos Prestes, seu rival político, para a Alemanha - onde ela havia nascido – e morreu rapidamente, gaseificada no campo de extermínio de Bernburg, aos 34 anos.
Esse único fato fez de Getúlio um criminoso imperdoável – embora sua “capivara "seja extensa. E por que razão estou falando dele? Apenas pela efeméride. 24 de agosto, um dia que considero aziago e nem sei por que razão.
Eu mesmo nasci no ano seguinte e levei anos para conhecer essa faceta do caudilho gaúcho. Ocorre que ditadores são ditadores – e isso é das piores coisas que sobrevive até hoje, no milênio seguinte. Há, ao menos, 49 ditadores governando países ao redor do mundo, sem contar os que agem da mesma forma, patrocinando embustes eleitorais há anos ou décadas.
Não gosto de nenhum deles, seja qual for a ideologia que professem – ou as pessoas que matam. Assim como não me iludo quanto aos países democráticos que não respeitam os direitos civis de suas minorias, da forma como o fazem.
Hoje, para denegrir ainda mais a efeméride (e com o devido respeito a todos os aniversariantes do dia, que não têm nada com isso), uma sinagoga foi atacada na cidade costeira de La Motte, no sul da França. Talvez para reiterar o fato que os antissemitas seguem vivos e ativos e outras Olgas serão gaseificadas em qualquer parte do mundo. Mas não é essa a razão de minha pensata de hoje. O que quero, mesmo, é descobrir a razão de minha inexplicável birra com o dia 24 de agosto.

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