Perdido em Israel - Trecho 224






13 de agosto de 2024


Uma amiga brasileira, radicada em Israel há mais de trinta anos, disse-me hoje que aplicou emplastros na nuca e na escápula. Produtos como esse devem estar vendendo com fartura desde que o Irã anunciou um ataque à Israel, como retaliação pela morte do antigo chefe político do Hamás, Ysmail Haniyeh.
É uma mulher doce, sempre positiva, mas tem evitado, cada vez mais, a falar sobre a guerra. Em ato falho, no entanto, admitiu que ela e seus compatriotas têm passado tempo demais olhando para o céu, na vã tentativa de ver mísseis ou aviões sobre o céu do país onde mora.
Não há como agir de outra maneira nesses dias de terror. Atenção aos olhos e aos ouvidos. Se você conhece o personagem Asterix, um herói gaulês resistente e bem-humorado, criado por Uderzo e Gocschiny, sabe, é claro que o único medo que possuem é de que os céus lhes caiam sobre as cabeças.
Os israelenses estão assim. Hoje, mísseis arremessadas pelo Hamás – vindos, portanto, da faixa de Gaza quase produziram um número grande de vítimas em Tel-Aviv. Para a sorte daquela população, os mísseis caíram todos no mar em frente da cidade. Teria sido um erro ou um aviso?
A verdade é que ninguém sabe de onde provirão as armas celestiais do tal ataque. Se do norte, onde o Hezbolá anuncia que vai participar da festa, se do sul, de algum arsenal oculto do Hamás ou se do distante nordeste, que é onde se localiza o próprio Irã. Ou se de uma coalizão de todas essas forças.
Quando se olha no mapa, é difícil entender que, em quilômetros quadrados, o Oriente Médio tem quase o tamanho do Brasil. Quantas armas letais cabem num céu tão imenso?
O jeito é cada um olhar para pedaço de céu que lhe cabe. E, claro, reforçar o estoque de emplastros.


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