Perdido em israel - Trecho 213
27 de julho de 2024
Para que serve uma noite de sábado? Lembro que, no passado, servia para para flertes e aproximações nos bares e festas de garagem. Ou para grandes eventos: casamentos, festas de debutante (que coisa mais demodê!), aniversários e outros encontros sociais quase sempre felizes e, muitas vezes, chatos.
É evidente que estou me referindo à minha realidade; jovem de classe média não ia às gafieiras; talvez, de vez em quando, a um puteiro – isso antes da AIDS e da liberalidade sexual feminina. Eram noites promissoras e divertidas quando não davam xabú e/ou terminavam com jovens bolçando nas calçadas por excessos etílicos ou devido à péssima qualidade das bebidas.
Hoje é sábado. Devido ao fuso horário, não há mais eventos, ao vivo, dos Jogos Olímpicos de Paris – que eu estaria, como fã de qualquer esporte, acompanhando com deleite. Resta-me a a imensidão da voz de Céline Dion cantando o Hino ao Amor de uma plataforma da Torre Eiffel, ao final de uma das mais criativas aberturas dessas disputas quadrienais. A voz da cantora canadense, que um dia tive a oportunidade de acompanhar, ao vivo, em um de seus shows em Montreal, parece que vai tocar para sempre – amenizando o som dos bailes funks e raves de ums São Paulo sem mais silêncio, nem noção - mas que vaza entorpecentes.
Ainda assim, sábado é sábado. O dia das pizzas é amanhã e, ao menos, ninguém nos tira esse hábito há mais de cem anos. E, já que a segunda-feira é inevitável, melhor comê-las cedo para não empazinar a semana de labuta por vir.
Imagino que os milhões de visitantes de Paris estejam se conglomerando nos bistrôs, trocando experiências e hormônios. E confesso que estou feliz de saber que os cultores do ódio ainda não tiveram espaço para agredir ninguém.
Sábados têm a ver com alegria, festa e memórias hilariantes. Lembrem-se das suas pelo resto de suas vidas.
Esqueçam apenas que 12 crianças e jovens que jogavam futebol num campinho em Majdal Shams, cidade de população majoritariamente drusa nas colinas de Golã, em Israel, morreram instantaneamente no maior ataque à civis que vivem na chamada terra santa. Ninguém assumiu a culpa.
Coisas de sábado.
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