Perdido em Israel - Trecho 205


15 e 16 de julho de 2024

Outra vez dois dias em uma mensagem. Pode ser, mesmo, que eu esteja dominado pelo ócio. O que me consola é que não paro de farejar o noticiário mundo afora e, agora, depois que Trump e sua orelha ocupam as manchetes da Europa e da América, concentro-me mais no que dizem os veículos do próprio Oriente Médio.
Vocês sabem aquelas barrinhas, ora horizontais, ora verticais que, nos sites, despejam informações minuto a minuto? Aquelas que vêm precedidas de horários exatos e mostram quantos jornalistas estão apurando o que acontece solertemente?
Pois bem: quem se concentra na leitura breve dessas mensagens, não pode se queixar de monotonia. É um novo ataque aqui, um novo túnel acolá, um político que analisa, uma frase dita por alguém em qualquer parte, mortos no sul do Líbano, barragens de bombas no norte de Israel, gente que morre – e quanta gente morre o tempo todo.
Sem contar os palpites, os pontificados ou as palavras aleatórias. A guerra, como a tevê e o cinema também propiciam alguns poucos minutos de fama. Um rosto ou um nome que piscam na página de um site, mesmo que por apenas um átimo, consagram qualquer bobagem passageira.
Entretanto, quando vou à raíz do que é bombardeado por essas barrinhas, o conteúdo é pífio. Emite, sempre (e só) o que acontece em qualquer guerra. Não há diferença entre um general degolado na Guerra de Canudos ou um terrorista amputado em Gaza. São apenas fatos comuns a todas as batalhas de todos os tempos.
Se o caminho é a guerra é isso o que sempre acontece. É notícia, mas não embute novidades. Então, se você for um maníaco por corpos voando, mentiras e números duvidosos, tem todo o direito de fartar-se com as tais barrinhas.
Se, porém, estiver tão longe no espaço e no tempo quanto eu mesmo, perceberá que tudo isso é para passar batido. Se quem salva uma vida está salvando a Humanidade, quem elimina uma vida é apenas um soldado ou um terrorista armado com esse propósito.
Isso posto, foco minhas atenções no acordo que, apesar das barrinhas intermitentes, continua sendo costurado. Vai resultar na decepção do parto da montanha? Ou vai dar um rumo final à guerra?


 

Comentários