Perdido em Israel - Trecho 202
11 de julho de 2024
Recebi mensagem de meu amigo Jaime, um chileno que vive nos lindos confins da Patagônia. Ele disse que o conflito de Gaza acabou. No lugar onde vive, pelo menos. Ninguém sequer menciona o assunto. Nem jornais, rádio ou televisão – esse conjunto de tecnologias de difícil acesso naquela região.
O único que se ouve por lá são notícias sobre a triste caduquice do presidente Biden e manifestos contra a violência generalizada que vem assolando o Chile. Além, é claro da tábua das marés, do preço da carne de cordeiro e certos conselhos agronômicos.
Fico imaginando que é bom acreditar na possibilidade de que a guerra (qualquer delas) seja apenas uma fantasia mental. Que, de fato, não cause vítimas nem produza inimigos. Que basta um comprimido da substância certa, na dose adequada, para que ela seja eliminada de nossos subconscientes.
O raciocínio de Jaime é um conselho agradável, como todos os que ele apresenta. Difícil é explicar isso tudo a todos os perdedores do conflito real. Não me refiro, apenas às vítimas e ao sobreviventes mutilados (no corpo e no espírito) de toda essa batalha sem nexo. Perde, também, toda a Humanidade, ultraradicalizada por conta das redes sociais.
Perdem-se, aos magotes, valores que não deveriam ter infeccionado o século 21. Extravia-se toda a noção de credibilidade, justiça, ética e equilíbrio que, em raros momentos da História, chegamos a cultivar. E, mesmo que o querido Jaimito discorde, tudo isso há de afetar o futuro, até mesmo na Patagônia – que, diga-se, já vem sendo afetada pelas mudanças climáticas oriundas de produtores de guerra e outros predadores humanos.
Permito-me a esses comentários porque o tal acordo segue travado. Nesse momento, a preocupação dos israelenses é acusar e punir os responsáveis pelo massacres dos kibutzim do sul, sobretudo o de Be’eri, que ficou sozinho e desamparado durante o massacre do Hamás, em 7 de outubro do ano passado.
Já a minha preocupação concerne aos perdedores, todos eles, das planícies gélidas de Saskatchewan às montanhas da Patagônia (foto).
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