Perdido em Israel - Trecho 198
“Estamos mais perto de um acordo que jamais estivemos”, disse, hoje, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant. Como tenho afirmado há meses, jamais acreditei em diálogos entre partes tão antagônicas como Israel e o Hamás. Quanto mais deles se aproxima, mais as partes mudam de ideia e incluem novas exigências.
Minha intuição diz que, dessa vez, pode ser diferente. Abalado e enfraquecido, o grupo terrorista informou que retira o obstáculo maior para uma trégua. Não exije mais que as tropas estrangeiras se retirem de seus territórios e aceita (a se confirmar) um diálogo visando uma nova negociação humanitária que levaria à liberdade de novos reféns e ao atendimento das necessidades (maiores agora) de um Hamás em debandada.
O governo israelense até se prontificou a participar pessoalmente desse encontro entre as partes, enviando uma delegação a ser chefiada pelo diretor do Mossad, David Barnea, em Doha, no Catar.
Um ditado francês diz que “c’est le ton qui fait la chanson” – o que significa que é tom que faz a canção. Frente a frente, as comissões em litígio sabem que qualquer palavra inadequada liquidará com a oportunidade, mas entendem, também, que têm objetivos a alcançar, nem que resultem apenas num pequeno avanço ou, apenas, em protelação estratégica.
Como nem Israel nem o Hamás são entidades únicas e coerentes, é provável que porções de cada país reajam negativamente a qualquer “acordo”.
“Isso é muito pouco” – dirão alguns; “Isso é demais” discordarão os outros.
É indiscútivel que, nesse momento, Israel está a cavaleiro e o Hamás a míngua. Sempre haverá, contudo, a sombra do Irã, que vem ordenando mais força aos ataques do Hezbolá, também sob seu controle. Em outras palavras, qualquer ganho, de parte a parte, terá de passar pela anuência do antigo país persa e de seus aiatolás.
Ainda assim pressinto que algum tipo de conciliação, ainda que curta e passageira, tem chance de lograr. Os norte-americanos, que hoje estão estourando fogos e comendo hotdogs para celebrar o 4 de julho, dia de sua independência, apoiam a iniciativa. O que pode ser ruim ou bom, dependendo de lado que se olhe.
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