Perdido em Israel - Trecho 195

 



1 de julho de 2024
Como seria sua vida sem água e luz? Pois essa tem sido uma das amargas penitências que sofrem os palestinos da Faixa de Gaza há muitos meses. Escuridão, sede, desorientação como parte de um castigo que o Hamás e Israel têm tratado seus cidadãos.
É claro que sempre dá-se um jeito. Não falta luz nos inumeráveis túneis através dos quais os terroristas se movem. Também não é difícil obter água para essa minoria que, com o perdão pelo trocadilho, tem suas fontes. Como em qualquer guerra, as pessoas vinham se virando como podiam.
Eu pus o verbo no passado porque Israel decidiu liberar o uso dessas imprenscindibilidades. Até que enfim!
Por enquanto, estarão liberados 20 mil litros de água nos encanamentos que sobraram dos bombardeios. A energia elétrica também está voltando às casas e postes que não viraram ruínas. A expectativa é de que esses números cresçam devagarinho.
Há dois motivos para esse, digamos, “ato de bondade”. O primeiro é diminuir a pressão internacional que acusa Israel de crueldade “genocida”- como se os atos de privação fossem uma exclusividade desse embate e jamais ocorressem em outras guerras pelo mundo.
A segunda razão, porém, é ligeiramente mais egoísta: também os os soldados das Forças de Defesa de Israel têm sofrido com as trevas e o racionamento de água. Com melhores condições humanas elas estarão mais aptas a seguir com o desmantelamento do Hamás.
Não há pontos sem nós.
Nos croquis irrealistas apresentados por Netanyahu como uma imagem do que seria a “nova Gaza”, veem-se arranha-céus modernos, balneários, marinas – quase um principado de Mônaco na área oriental do Mediterrâneo. Por enquanto falta dinheiro, financiamento, governo e, mais que tudo, a anuência dos palestinos.
Mas, ao menos, água e luz já têm.

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