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Mostrando postagens de julho, 2024

Perdido em Israel - Trecho 216

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  31 de julho de 2024 A esta hora você já sabe. O líder político do Hamás, Ismail Haniyeh foi assassinado. Pior: em Teerã. Ela havia sido convidado para a posse do novo presidente sem poder do Irã, Masoud Pezeskhian e foi morto (sem confirmação) enquanto dormia. As trombetas do Irã, constrangidas e repletas de ódio anunciaram que a vingança será infernal. Pouco se sabe além disso. Israel não confirmou o ataque e também não o negou. Haniyeh planejava ser o novo presidente da autoridade palestina, vestindo o traje do Hamás. Era um negociador viajante. Entre todos, parecia ser sempre o mais moderado dos líderes locais - o que levanta a hipótese de que tenha sido morto por algum de seus pares mais radicais. Não creio. Em poucos instantes, a guerra mudou e pode alcançar um nível sem precedentes. É de se aguardar o que fará o Irã, talvez ainda hoje. A morte de Haniyeh devolveu o conflito às manchetes de todo o mundo. A hecatombe de origem turca que aventei ontem pode ser brutalmente ante...

Perdido em Israel - Trecho 215

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  30 de julho de 2024 Resposta imediata: as forças de defesa de Israel bombardearam prédios em Beirute para assassinar Fuad Shukr, o presumível autor da matança de crianças no campinho de futebol em Majdal Shams. Trata-se um antigo inimigo (dos mais cruéis) do Hezbolá, acusado de ter bombardeado 83 instalações norte-americanas no Líbano. Perdoem-me a franqueza: já vai tarde, se é que foi, porque não há confirmação de sua morte. Como sempre, a confirmação é um segredo de estado naquela região. Ninguém erra, ninguém acerta, ninguém admite. Mas há vapores ainda mais sinistros sendo emanados da bela, jovem e, ao mesmo tempo, tão medieval Turquia quanto o foi em sua longa história de dominações. Pela segunda vez, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan ameaçou Israel de um ataque sem precedentes, caso a Síria – que está em sua área de interesse – seja atacada pelos soldados do IDF. Tomara que seja apenas um bafejo, não uma hecatombe. A Turquia tem mais de 90 milhões de habitantes e é do...

Perdido em Israel - Trecho 214

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  29 de julho de 2024 E agora? O que está ocorrendo? Netanyahu voltou de seu tour norte-americano sem declarações – e, por enquanto, sem soluções noticiadas. Fica sempre a mesma impressão de que nada acontece, porque ninguém quer que nada aconteça – exceto pelos massacres cotidianos, que ceifam a vida de civis inocentes. Será essa a já tão mencionado estratégia de o primeiro ministro de Israel perpetuar-se no poder? É óbvio demais, e por isso mesmo deve ser levado em consideração. Agora é o Hamás, useiro e vezeiro em mudar, maliciosamente, acordos que já pareciam que acusa Israel de fazer exigências cada dia mais fortes, contradizendo-se nas tais reuniões sobre as quais eu ainda botava alguma fé. Bobinho, eu. Nenhuma das partes têm elevação moral para, pelo menos, desenvolver empatia pela outra. O Hamás seguirá lutando para jogar os israelenses no Mediterrâneo e Netanyahu vai acabar com todos eles (ou, ao menos, o que pareceria ser todos eles). Ambos vão cantar vitória no final, po...

Perdido em israel - Trecho 213

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  27 de julho de 2024 Para que serve uma noite de sábado? Lembro que, no passado, servia para para flertes e aproximações nos bares e festas de garagem. Ou para grandes eventos: casamentos, festas de debutante (que coisa mais demodê!), aniversários e outros encontros sociais quase sempre felizes e, muitas vezes, chatos. É evidente que estou me referindo à minha realidade; jovem de classe média não ia às gafieiras; talvez, de vez em quando, a um puteiro – isso antes da AIDS e da liberalidade sexual feminina. Eram noites promissoras e divertidas quando não davam xabú e/ou terminavam com jovens bolçando nas calçadas por excessos etílicos ou devido à péssima qualidade das bebidas. Hoje é sábado. Devido ao fuso horário, não há mais eventos, ao vivo, dos Jogos Olímpicos de Paris – que eu estaria, como fã de qualquer esporte, acompanhando com deleite. Resta-me a a imensidão da voz de Céline Dion cantando o Hino ao Amor de uma plataforma da Torre Eiffel, ao final de uma das mais criativas ...

Perdido em Israel - Trecho 212

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  25 de julho de 2024 Permito-me uma folga aleatória nesse relato sem fim. Um tempo para que os leitores que sentem tristeza com minhas palavras enxuguem seus olhos. Os fatos estão em andamento, agora nos Estados Unidos. Em andamento, não mais que isso. Netanyahu já conversou com Joe Biden, dirigiu-se ao congresso norte-americano e está, nesse momento, conversando com Kamala Harris, que anunciou ter novas ideias sobre o conflito – o que pode ser ruim ou bom do ponto de vista dele. Amanhã é dia da suntuosa refeição com o ex-presidente John Biden. Só depois de completado o circuito é que teremos (ou não) informações sobre o futuro do conflito. Acaba? Não acaba? Esquenta? Esfria? O timing da viagem de Netanyahu não poderia ser pior: no calor das próximas eleições, pouco do que disse repercutiu. Na verdade - para lembrar meus seguidores mais atentos – foi tão relevante quanto uma visita do presidente de Calmíquia (aceita-se Calmúquia). Chamou mais a atenção dos haters de plantão do que...

Perdido em Israel - Trecho 211

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  24 de julho de 2024 Um seguidor desse relato de guerra, enviou-me a seguinte mensagem: “Adoro seus tristes textos”. Agradeço do fundo do coração, mas confesso que, apesar do tema, nunca pensei em minhas palavras com tristeza. Tenho tentado, com pitadas de bom-humor, amenizar essa sensação. Mas o que podem várias tentativas de suavizar uma narrativa contra a crua realidade de uma guerra onde morrem, a cada dia, centenas de pessoas, dezenas de valores, a inteligência em geral, a boa-fé e a isenção? Acho que você tem razão, meu caro WJG – cujo nome não vou expor de propósito - : meu livro é triste. Acabo de ver o primeiro ministro de Israel discursando no Congresso americano. Para ilustrar o sofrimento e o heroismo de seu país, ele trouxe heróis mutilados e o pai de um refém morto. Pouco importa o que ele disse (apenas acho que se alongou demais), mas como é possível se regojizar com cenas desse tipo? Eles, os tristes e mutilados, foram aplaudidos pelos presentes. Eu só me senti mai...

Perdido em israel - Trecho 210

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  23 de julho de 2024 Já resolvi em que dia vou encerrar esse relato. Será no fatídico 7 de outubro, ocasião em que a guerra de Gaza vai completar um ano. A guerra não terá se encerrado até lá. O Hamás, talvez sim, mas Netanyahu, nesse caso, vai simplesmente mudar seu foco. Há tantos inimigos a enfentar, países e entidades francamente hostis à existência de Israel, que o primeiro ministro condenado e candidato a uma longa temporada no xilindró (se for defenestrado) vai usar de sua condição de líder inamovível como comandante de uma (ou diversas) guerras. Aliás, Netanyahu foi às compras nos outlets norte-americanos e encontra-se amanhã com o presidente Joe Biden. Na quinta conversa com Trump em sua colossal propriedade de Mar-a-Lago, na Flórida. Kamala Harris, que ainda nem é candidata, ficou de fora das fofocas de agora. Aliás, essa decisão de terminar meu livro em 7 de outubro tem forte relação com a troca de líderes nos Estados Unidos. Até a posse do novo presidente, é muito impr...

Perdido em Israel - Trecho 209

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21 de julho de 2024 Se bem os conheço, os israelenses estão envoltos em nova dúvida. Biden renunciou a continuar seu mandato, depois de uma série embaraçosa de gafes. Particularmente, eu vejo nele um homem melhor, menos agressivo e menos tirânico do que Donald Trump, mas muita gente discorda – e gente cheia de votos. Trump, como aliado visceral de Israel, já anunciou, por exemplo, que espera ver todos os reféns soltos antes de assumir seu novo mandato, ou sua primeira providência será atacar, sem discussão, os países hostis. Os isralenses, que compõem, hoje, (e há muito tempo) uma das nações mais conservadoras do mundo, devem torcer para a intempestividade de Trump. Exceto os que, com visão mais liberal, se importam com novas lideranças mais justas e moderadas assumindo o poder mundial. A opção, por enquanto, é a atual vice-presidente Kamala Harris que, além de brilhante oradora e debatedora, mas ligeiramente errática - tem sangue jamaicano e hindú – o que pode ser tão bom ou tão ruim ...

Perdido em Israel - Trecho 208

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19 de julho de 2024 Fiquei pensando sobre algumas noções que o dia de hoje nos passou. Enquanto um erro ou um ataque cibernético tirou bancos e companhias aéreas de suas operações, vi indicação específica do Doutor Dráusio Varela sobre as qualidades de um medicamento capaz de aliviar as dores neuropáticas. Por fim, também soube que um míssil iemenita do grupo terrorista houtí acertou um apartamento em Tel-Aviv, matando um homem comum. Reparem que a isso se chamam Invasões Bárbaras (refiro-me ao filme canadense de Denys Arcand, feito em 2003, sobre o comportamento de uma pessoa sob ataque de um câncer fatal, obra essencial em sua sensibilidade). Volto aos casos, todos distintos em essência. Na questão do erro cibernético, algum nerd há de decifrá-lo e consertá-lo. Mas já causou – e seguirá causando – problemas para milhões de pessoas que não tiveram acesso às suas contas bancárias, passageiros que perderam suas conexões e, em outro sentido, conexões que se desfizeram para sempre. Mencio...

Perdido em Israel - Trecho 207

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  18 de julho de 2024 Dois fatos que se repetem no norte de Israel. Dezenas de ataques à bomba diários provenientes do Hezbolá, com surpreendente baixo índice de letalidade e respostas precisas de Israel, que sempre dão cabo de líderes da facção inimiga. Hoje, por exemplo, a vítima foi Ali Jaafar Maatouk, cognominado Habib Maatouk – e tido, como sempre, como um chefe militar de alta patente. Haverá quem diga que são cirúrgicas as ações das Forças de Defesa de Israel e delas se orgulhem. Pois eu acho que o poder do Hezbolá é tão intrincado e tentacular, que esses ditos comandantes dão, em pencas, nas árvores frutíferas. Distribuem-se títulos e comandos a qualquer um – e o mais provável é que seja muito mais fácil matar um líder do que atingir um soldado raso. Entretanto, tudo isso é mera especulação desse escriba. Como também, o encontro marcado, para semana que vem, nos Estados Unidos, entre Netanyahu e o presidente Biden, a primeira discussão oficial, cara a cara entre supostos al...

Perdido em Israel - Trecho 206

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  São Paulo, 17 de julho de 2024 Para deixar registrado: uma nova delegação israelense partiu para o Cairo afim de acertar os pontos soltos do acordo com o Hamás. Não tenho a menor ideia sobre os itens estão na mesa. E os que sabem, têm sido competentes ao não deixar vazá-los. A atmosfera dos debates já não é a mesma de quando tudo começou. Israel manifestou, hoje, sua pública impaciência e quer resultados verdadeiros – claro que em busca de vantagens finais. Observadores (quem são eles?) afirmam que Netanyahu vem boicotando os esforços, porque, como já expliquei , a ele, o fim de guerra pode atingir, destronar e até provocar seu encarceramento. O primeiro ministro de Israel tem problemas sérios com a Justiça de longa data e, se eu estivesse na posição que ocupa, trataria de liberar 100% dos reféns e expulsar o Hamás, ainda que poupando a vida de alguns dos líderes do ataque, que já pensam, apenas, em resolver o destino de sua existência – antes de voltar a carga. Talvez fizesse al...

Perdido em Israel - Trecho 205

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15 e 16 de julho de 2024 Outra vez dois dias em uma mensagem. Pode ser, mesmo, que eu esteja dominado pelo ócio. O que me consola é que não paro de farejar o noticiário mundo afora e, agora, depois que Trump e sua orelha ocupam as manchetes da Europa e da América, concentro-me mais no que dizem os veículos do próprio Oriente Médio. Vocês sabem aquelas barrinhas, ora horizontais, ora verticais que, nos sites, despejam informações minuto a minuto? Aquelas que vêm precedidas de horários exatos e mostram quantos jornalistas estão apurando o que acontece solertemente? Pois bem: quem se concentra na leitura breve dessas mensagens, não pode se queixar de monotonia. É um novo ataque aqui, um novo túnel acolá, um político que analisa, uma frase dita por alguém em qualquer parte, mortos no sul do Líbano, barragens de bombas no norte de Israel, gente que morre – e quanta gente morre o tempo todo. Sem contar os palpites, os pontificados ou as palavras aleatórias. A guerra, como a tevê e o cinema t...

Perdido em Israel - Trecho 204

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  14 de julho de 2024 Dia de festa na França; dias de segurança extrema e medo colossal, com a aproximação dos Jogos Olímpicos de Paris. Há 5, 7 milhões de muçulmanos vivendo no país. Se apenas um ou dois forem extremistas ao estilo do ISIS, do Hamás e do Hezbolá, há prenúncio de perigo para atletas, turistas e populares em geral. Não há cidade mais bela para uma tragédia que amplifique causas radicais. Os diversos órgãos de segurança do país gualês estão, é claro, atentos a tudo. Mas não há segurança absoluta contra franco-atiradores equipados com alta tecnologia bélica. Sou um apaixonado pelos Jogos, acompanho tudo o que posso, inclusive esportes dos quais mal conheço as regras. Encanta-me a conquista pessoal. Não me arrebatam, porém, as bandeiras e hinos, que conferem às disputas uma rivalidade nacionalista dispensável. Em tempos de polarização extremada, a situação é ainda pior. Israel estará presente e ficará hospedado, como todas as demais equipe, na Vila Olímpica parisiense....

Perdido em Israel - Trecho 203

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12 e 13 de julho de 2024 De hoje: as tropas israelenses mataram mais noventa membros do Hamás, inclusive (a confirmar) o jamais encontrável líder militar terrorista Muhammad Deif e um dirigente do grupo em Khan Younis. Na visão do lado oposto, Israel promoveu outro massacre sem sentido, vitimando inocentes e crianças. O fato é novo, mas os discursos são iguais aos de sempre. É claro que deve ter má influência no chamado “acordo” em andamento entre as partes, agora cada vez mais um de pacto entre fantasmas. Isso não muda nada. O Hamás ainda quer jogar os israelenses no mar e Israel ainda quer liquidar todos os que o atacaram tantos meses atrás. Você já deve ter ouvido falar que nada muda se seguir a mesma coisa. E, nesse sentido, está tudo exatamente igual ao dia em que tudo começou. Ninguém cede, ninguém se rende ou arrepende. Nunca. Portanto, estejam preparados. Seguiremos, lado a lado, saltitando pelas alamedas do horror. Como já disse, em alguns capítulos anteriores, vai piorar muit...

Perdido em Israel - Trecho 202

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11 de julho de 2024 Recebi mensagem de meu amigo Jaime, um chileno que vive nos lindos confins da Patagônia. Ele disse que o conflito de Gaza acabou. No lugar onde vive, pelo menos. Ninguém sequer menciona o assunto. Nem jornais, rádio ou televisão – esse conjunto de tecnologias de difícil acesso naquela região. O único que se ouve por lá são notícias sobre a triste caduquice do presidente Biden e manifestos contra a violência generalizada que vem assolando o Chile. Além, é claro da tábua das marés, do preço da carne de cordeiro e certos conselhos agronômicos. Fico imaginando que é bom acreditar na possibilidade de que a guerra (qualquer delas) seja apenas uma fantasia mental. Que, de fato, não cause vítimas nem produza inimigos. Que basta um comprimido da substância certa, na dose adequada, para que ela seja eliminada de nossos subconscientes. O raciocínio de Jaime é um conselho agradável, como todos os que ele apresenta. Difícil é explicar isso tudo a todos os perdedores do conflito ...

Perdido em Israel - Trecho 201

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9 e 10 de julho de 2024 Mais dois dias se passaram e nada aconteceu. A imprensa israelense foca no envio limitado de armas norte-americanas para seu país. Mortes seguem ocorrendo em todas as partes pela simples razão de que enquanto não há acordo, há guerra. O falatório político prossegue, sempre chato e sem conclusões realistas. A convocação de soldados ultra-ortodoxos está valendo, mas os haredim seguem se recusando a fornecer seus leitores da Torá para as forças armadas. Fecham estradas, bloqueiam caminhos e proferem palavras de baixo calão que, por sua própria proximidade com Deus, deveriam ser evitadas. Mas o que procuro (e não acho) é qualquer resultado prático das negociações que estavam em andamento no Catar e agora ocorrem no Egito (foto). Nenhuma linha sequer sobre o assunto. Depreendo, desse cenário, que, após tanto tempo ao redor de uma mesa, alguns ajustes estejam em andamento. Se, a esse altura, não houvesse qualquer ponto de convergência entre as partes, alguma das parte...

Perdido em Israel - Trecho 200

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  7 e 8 de julho de 2024 É possível acreditar que estou ficando preguiçoso. De fato, às vezes junto dois dias em uma crônica única, mas, quando isso ocorre é porque os fatos relevantes minguaram. Há muito diz-que-me diz nas esferas políticas, conversas cujas contradições repugnam e pouca ação – já mal considero mísseis e torpedos aleatórios como indicações de estratégias novas, apenas o cotidiano de qualquer guerra. Mantém-se a expectativa de que o encontro de amanhã, em Doha, conduza a algum avanço na troca de prisioneiros e uma trégua rápida. Entretanto, denunciando novos ataques em Gaza, os representantes do Hamás passaram o dia anunciando que, se continuar assim, Israel será culpado pelo forfait que a delegação inimiga dará amanhã. Não duvido que isso ocorra e o presumível acordo não se realize – como de hábito. Entristeço ao verificar que os métodos da guerra no Oriente Médio se espalham, como se viu hoje, na Ucrânia, quando um hospital, suas instalações e seus pacientes foram...

perdido em Israel - Trecho 199

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  5 e 6 de julho de 2024 Ontem me dediquei à minha mãe. Meu luto, que não tem orações ou velas, exceto uma que acendo para vê-la, de novo, como um farol em nossas vidas. Cada um tem sua maneira de lidar com o que se chama uma saudade irreparável. Alguns choram o dia inteiro, choram por meses e anos e introjetam o luto em suas vidas doravante entrevadas. Outros dão-se por satisfeitos com as exéquias e seguem aidante como se nada houvesse ocorrido. Meu jeito pessoal é diferente. Reservei o dia para brincar com ela sobre nossas pequenas piadas pessoais – e as repito. Volto a perguntá-la sobre o horror de seu holocausto pessoal e, obtenho em troca, o mesmo silêncio de sempre, que jamais contestei. Minha mãe (que eu lembre) jamais esteve em Israel. E, viva fosse, não estaria em nada atormentada com os conflitos de Gaza: o que ela passou foi certamente muito pior, o que relativizava seus sentimentos. Meu dia com ela foi magnífico, embora eu tenha cumprido todas as minhas obrigações segui...

Perdido em Israel - Trecho 198

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  4 de julho de 2024 “Estamos mais perto de um acordo que jamais estivemos”, disse, hoje, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant. Como tenho afirmado há meses, jamais acreditei em diálogos entre partes tão antagônicas como Israel e o Hamás. Quanto mais deles se aproxima, mais as partes mudam de ideia e incluem novas exigências. Minha intuição diz que, dessa vez, pode ser diferente. Abalado e enfraquecido, o grupo terrorista informou que retira o obstáculo maior para uma trégua. Não exije mais que as tropas estrangeiras se retirem de seus territórios e aceita (a se confirmar) um diálogo visando uma nova negociação humanitária que levaria à liberdade de novos reféns e ao atendimento das necessidades (maiores agora) de um Hamás em debandada. O governo israelense até se prontificou a participar pessoalmente desse encontro entre as partes, enviando uma delegação a ser chefiada pelo diretor do Mossad, David Barnea, em Doha, no Catar. Um ditado francês diz que “c’est le ton qui fait ...

Perdido em Israel - Trecho 197

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3 de julho de 2024 Sempre me entristeço nesta semana. Minha mãe, a mais que heróica Krysia, presa em cativeiros entre 1939 e 1945 – guetos, campos de concentração (poucos passaram tanto tempo nas mãos de nazistas, ainda menos com idade entre 8 e 14 anos de idade), faria seu 93º aniversário no próximo dia cinco. Aguentou o que pode de sua mente repleta de pesadelos e silêncios nunca desvendados. Foi-se aos 88 anos, para não ter que nunca mais falar sobre o assunto. Sobre ela escrevi dois livros (um em português e outro em inglês) cujas vendas aumentaram nesse ano, dada a curiosidade das pessoas que se lembram do maior e único Holocausto, mas querem saber se de fato ocorreu e como algumas pessoas ousaram sobreviver, numa espécie de negação a tecnologia genocida mais bem concebida da História. Se você tiver interesse em conhecer a narrativa densa e triste de “O silêncio de Krysia”, basta buscar meus livros publicados na Amazon em ambos os idiomas. Ela passou os últimos quatro ou cinco ano...

Perdido em Israel - Trecho 196

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02 de Junho 2024 Você já reparou quanta gente esquisita está vivendo em Gaza? Médicos (inclusive um do respeitado grupo Sem-Fronteiras) que são partidários do Hamás? Jornalistas, contados em centenas, que servem abertamente ao grupo terrorista, até mesmo envergando armas? Entidades como a UNRWA – braço de refugiados da ONU – que ocultam líderes procurados e agem de forma sectária? Hoje mesmo um correspondente que trabalha, nas horas vagas, para a CNN, foi descoberto atirando contra as Forças de Defesa de Israel. Não sei quais ou quantas reportagens ele produziu para a rede de notícias norte-americana, mas tenho certeza de que seu material não primou pela isenção. É complicado, até mesmo para produtores de notícias independentes, arregimentar mão de obra para obter informações num território conflagrado. Claro que é. Mas na ânsia de produzir notícias para abastecer todas as necessidades de seus noticiários e redes sociais, a escolha de “correspondentes” parece cada dia menos acurada. Ac...

Perdido em Israel - Trecho 195

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  1 de julho de 2024 Como seria sua vida sem água e luz? Pois essa tem sido uma das amargas penitências que sofrem os palestinos da Faixa de Gaza há muitos meses. Escuridão, sede, desorientação como parte de um castigo que o Hamás e Israel têm tratado seus cidadãos. É claro que sempre dá-se um jeito. Não falta luz nos inumeráveis túneis através dos quais os terroristas se movem. Também não é difícil obter água para essa minoria que, com o perdão pelo trocadilho, tem suas fontes. Como em qualquer guerra, as pessoas vinham se virando como podiam. Eu pus o verbo no passado porque Israel decidiu liberar o uso dessas imprenscindibilidades. Até que enfim! Por enquanto, estarão liberados 20 mil litros de água nos encanamentos que sobraram dos bombardeios. A energia elétrica também está voltando às casas e postes que não viraram ruínas. A expectativa é de que esses números cresçam devagarinho. Há dois motivos para esse, digamos, “ato de bondade”. O primeiro é diminuir a pressão internacion...