Perdido em Israel - Trecho 188
A bonança costuma anteceder ou suceder a tempestade. O estranho silêncio bélico que se instalou (ou que nem sequer é noticiado) nas terras conflagradas pode prenunciar algum tipo de ação estrepitosa na semana que entra.
Sim: essa é uma não-noticia. Não tem base e me transforma, hoje, num especulador rabugento. Ocorre que os líderes israelenses foram substituídos por outros mais radicais. Ocorre que as manifestações de rua – inclusive na frente de casa de Netanyahu, em Cesarea, não são lamentos, mas ameaças que se robustecem. Ocorre que as questões entre o Hezbolla e as forças de defesa de Israel estão no limite. E ocorre que, também, cada dia são mais cultuadas as lembranças dos reféns remanescentes.
Os norte-americanos afirmam (com base em quê? – me pergunto) haver, no máximo, cinquenta reféns ainda vivos na Faixa de Gaza.
Isso é pouco ou muito?
E, no entanto, o clima é de bonança nos jornais de Israel; talvez seja eu que tenha acordado um sono longo e químico e as muitas guerras tenham terminado enquanto dormia. Aqui, onde vivo, não chove há mais de um mês e não há sinal de qualquer tormenta no horizonte ou nas previsões meteorológicas. Muito ao contrário: a noite está enluarada como raras vezes, em brilho e tamanho.
Que assim seja também por lá. Darei por encerrada essa correspondência, pararei de informá-los todos os dias, talvez mesmo de enfastiá-los - e vou enviar meu computador, que tem dado provas de cansaço, para uma justa e ampla manutenção.
É para coisas simples e cotidianas como essa que serve a paz.
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