Perdido em Israel - Trecho 187
21 de junho de 2024
Não tenho muito para contar hoje. Tudo segue intranquilo como ontem, ameaças de cá e de lá (ponham na ordem preferida), bombas que vão e vêm, hoje sem impacto exponencial, vida e morte que seguem – talvez para sempre.
Vale, entretanto, notar, como o século 21 arma seus planos peculiares: no início da temporada de peregrinação dos muçulmanos rumo à Meca, uma festividade de fervor religioso quase incomparável, juntam-se a fé e o novo clima – descontrolado como todo o resto – que vêm aniquilando, sem piedade, os que caminham pelo deserto para a cidade de Meca, onde nasceu Maomé.
Pessoas, sobretudo as mais pobres, estão sendo torradas e desidratadas na rota, em proporção muito maior do que acontecia nos últimos anos. Não: não é castigo, culpa ou que for. É apenas o fato de que o mundo vem mudando mais rápido do que o previsto e o que antes era glória e dever dos islamitas, vai ter de mudar, como todo o mundo está mudando, sem qualquer ordem ou liderança para mostrar os caminhos a se seguir.
Quando você enxerga de tão longe e tão alto como eu, não é difícil entender que está tudo junto e misturado. O calor, as paixões e os enfrentamentos, assim como o frio, a falta e o excesso de chuva, o declínio da democracia e ascensão de tiranos preocupados apenas com seu próprio jardim, são apenas faces distintas de uma humanidade que se exaure.
Deuses e profetas sempre saem fortalecidos em situações caóticas e tenho a impressão de que estamos, todos, os lúcidos os boçais, os cientistas e os teólogos, enveredando para uma nova era de trevas, talvez a última. Peço vênia por avançar em temas tão amplos e controvertidos, mas ouso arriscar que esse é o cenário que se aproxima. Com mais ou menos velocidade conforme as regiões do planeta, mas de forma célere, como comprovam as escolhas dos povos nas urnas ou à mercê da vontade dos déspotas que escolheram.
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