Perdido em Israel - Trecho 183

 



17 de junho de 2024

Não sou nenhum gênio, mas está acontecendo tudo conforme o previsto. Netanyahu tenta reunir mais forças de ultradireita, o que é algo como chamar abutres para um festim de sangue. Hoje, o primeiro-ministro dissolveu seu gabinete de guerra. Não precisou fazer força: bastou um peteleco para que o antigo conselho, rachado como uma casca de ovo, saísse de cena.
O novo, podem ter certeza, vai ser pior e mais virulento. Até por isso, os rallys – que é como eles chamam as manifestações – ficaram mais agressivos também.
Perto da casa onde vive o primeiro-ministro, um dos grupos de opositores que querem a renúncia do próprio, e um novo destino para a guerra, a agitação foi tamanha, que levou nove pessoas ao cárcere.
O povo começa a brigar mais abertamente e com maior volume. Não há de demorar muito para que armas, desviadas possivelmente, do arsenal israelense, tornem os atos muito mais violentos. De acordo com minhas apurações particulares, nem a direita moderada, nem os opositores estão dispostos a tolerar as manobras de seu líder para agarrar-se a um poder que lhe escapa.
Só ficam ao seu lado os ultraortodoxos, que, aliás, se negam a enviar gente sua para as batalhas em Gaza ou na fronteira do Líbano. São, como já disse, os aiatolás de Israel.
Já comentei que numa mesa com quatro judeus, há, sempre, cinco opiniões diferentes – e em qualquer parte do mundo. É de sua natureza agir dessa maneira. A semana promete ser quente, talvez decisiva.


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