Perdido em Israel - Trecho 180

13 de junho de 2022

Esfria o sul, esquenta o norte. E muito. Depois de dias de bombardeamento de parte, os ataques entre Líbano (leia-se Hezbolá) e Israel beiram a guerra total. O grupo, mais forte do que o Hamás, perdeu a paciência com o míssil que matou Taleb Abdullah, supremo comandante das forças que ocupam o triste e belo país dos cedros. Imediatamente, oitenta bombas foram lançadas em direção ao norte israelense, quase desocupado por populações civis - deslocadas para locais mais seguros.
Uma amiga que vive em Haifa disse-me por WhatsApp, balbuciante e emotiva, que “agora está muito sério e perigoso”. É das pessoas mais positivas que conheço. Se bem me lembro (porque só estive lá, menino, há 55 anos), o norte de Israel é muito mais belo do que o sul. Não tem desertos. É luxuriante, montanhoso e tem o mar da Galileia (foto), de quase 170 quilômetros quadrados, ao pé das colinas de Golan. Cenário de folhinha, dessas que ficam o ano todo penduradas na parede.
Nada da brutal aridez do sul, nessa época do ano castigado por um sol sem reservas. Quem tem me acompanhado nesse diário interminável, deve saber que uma guerra por lá foi sempre o medo principal desse escriba. O Hezbolá é mais forte, melhor armado e mais numeroso que o Hamás, embora nutra o mesmo ódio pelo país hebreu. Pior: é mais próximo do Irã, que hoje advertiu Israel a suspender o recrudescimento da guerra nessa região especialmente bem-vista pelos aiatolás. Foi mais que uma advertência – e talvez menos que um ultimato. A palavra certa a usar é ameaça.
Assim como os Hamás mantêm os palestinos reféns de sua ira, os libaneses, infelizmente acostumados a guerras sem fim e sem sentido, também estão sob controle do grupo xiita.
Nos pinheiros de Golan e nas águas do mar da Galileia, a guerra parece mais bucólica, mas a letalidade pode ser maior. No mundo inteiro, os olhares das lideranças subiram uns poucos graus na latitude e agora veem-se às voltas com uma nova crise – que, aliás, interessa à manutenção do poder de Netanyahu.
O que parece ruim vai piorando, degrau por degrau. Que um milagre ilumine essas terras ditas bíblicas.

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