Perdido em Israel - Trecho 176







8 de junho de 2024

Foi o sábado mais feliz em Israel desde o dia 7 de outubro de 2023 – também um sábado. Os sábados, por lá, são como nossos domingos. Datas de descanso, passeios – e muita praia, para quem as têm. Um calor danado por lá levaria multidões ao Mediterrâneo, mas a chuva atrapalhou.
Nada, contudo, que oblubinasse a grande festa que tomou conta do país com a inesperada e certeira da recuperação de quatro reféns nas mãos do Hamás há oito meses – a primeira real vitória do movimento “Bring them Home ”(Traga-os para casa!) nesse conflito sinistro e traiçoeiro.
Todos eles – Noa Argamani, Almog Meir, Amdrey Kaslov e Shlomi Ziv – sãos, e já de volta para suas famíias. A operação ocorreu em um campo de refugiados em Nuseirat. Para resgatá-os, três forças israelenses atuaram em conjunto: o Shin Bet, a IDF e até a Yaman, que é a polícia de Israel – cujo líder, Arnon Zamora, de 37 anos, foi morto a balas.
Na aritmética inexata de qualquer guerra, Israel anunciou que 90 terroristas foram mortos, enquanto Gaza informou que o número foi de 381, inclusive inocentes.
Há, por trás de tudo isso, a mensagem de que Israel não vai abandonar seus reféns e o temor de que o Hamás aproveite para liquidar os que ainda estão vivos, teoricamente muito poucos. A abdução foi, indubitavelmente, o ato mais maligno da ação do Hamás, no dia em que a guerra começou. Enlutou (e ainda enluta) centenas de famílias e provocou efeitos colaterais irremediáveis.
A mãe da pequena Noa Argamani adoeceu tão profundamente que, segundo relatos, teve apenas a sorte de vê-la de volta, já que está em estado terminal. Noa é de origem sino-israelense e é sua genitora chinesa que está gravemente enferma.
Haverá detalhes nos próximos dias. Não se sabe o que oito meses de cativeiro forçado em condições precárias podem ter feito às almas dos retornados. Dos pouquíssimos que vieram antes, muitos estão isolados e traumatizados, em lento processo de ressocialização.
E é essa dor colossal – torço para que nenhum de meus leitores tenha sentido jamais – que justifica a festa. Muda o clima do embate e convida os poucos humanos éticos e isentos do mundo à reflexão).


 

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