Perdido em Israel - Trecho 169

 


29 e 30 de maio de 2024

Para minha alegria, alguns leitores resmungam quando rompo o ciclo de correspondências diárias. Obrigado a todos. Há dias, porém, que essa cobertura se tona maçante. O cenário permanece igual, embora tudo seja mutante em um campo de operações militares. Ontem, quase me atrevi a dizer que será necessária uma intervenção divina (de qual deus, já que em nenhum deles me apoio) para pôr fim a essa luta insensata, justa e injusta para as duas partes. Um conselheiro sênior de Netanyahu (seu assecla, portanto) afirmou, com todas as letras, que a guerra não vai terminar nesse ano. Então, quando?
Em 2048, no primeiro centenário do estado de Israel? Ou no momento em que um motim israelense e outro, palestino, expurgar seus tiranos?
Para piorar, o governo da “terra prometida” anunciou que não vai cessar fogo, agora, nem que todos os reféns sejam devolvidos. Birra pura! “Meu membro é maior do que o seu!”, parece dizer.
Virou isso? Essa baixaria?
Não acho que uma guerra, qualquer guerra, tenha atos de nobreza. E os heróis, afinal, serão aqueles do lado vencedor – e basta ver monumentos como arcos de triunfo e outras demonstrações de poderio que se espalham pelas capitais de todo o mundo, para compreender que o homem comemora subjugar seus pares.
Nessa guerra em que todos já são perdedores, suponho que nunca vai haver nada a celebrar.

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