Perdido em Israel - Trecho 163

 

22 de maio de 2024

Hoje, a Espanha, a Irlanda e a Noruega decidiram que são a favor da criação de um estado palestino. Eu também sou, dependendo, é claro, das condições do acordo.
Israel indignou-se, mandou chamar seus embaixadores nos três países (uma tradição simples e protocolar) e disse, enfim, algumas coisas sensatas. Não é a hora, simplesmente não é a hora de premiar o Hamás e seus atos desumanos com a criação de um estado oficial.
Seria, ao ver das lideranças judaicas, mais uma vitória que o ignóbil grupo acumularia. Em outras palavras: é permitido sequestrar, matar, estuprar, fazer reféns - e os que o fizerem ainda ganham uma pátria como prêmio.
Eu não tenho a menor dúvida de que o estado da Palestina será reconhecido mais cedo ou mais tarde – mas nunca antes do fim da guerra, com o desmantelamento do Hamás. O grupo, ele próprio, ressurgirá na futura Palestina ou em qualquer outra nação que pretenda jogar o estado hebraico no Mar Mediterrâneo.
Sobre o anúncio da Noruega, país escandinavo riquíssimo, talvez fosse de se esperar: nenhum outro país dá tanto suporte financeiro ao povo palestino. Também a Irlanda, hoje tida como um país progressista, não restam dúvidas de que ela se alinhou ao bloco que concorda com os métodos medievais de algumas nações árabes e desconsidera a democracia (por pobre que seja) da única nação ocidental no Oriente Médio. A decisão deve ter sido tomada num pub em Dublin, regada a litros da insuperável cerveja Guiness.
A Espanha, país da moda, das baladas e da gastronomia excepcional (além de muitas outras qualidades), poderia ter se calado.
- Por que no te callas? – disse o antigo rei Juan Carlos à Hugo Chavez, líder da Venezuela, irritado com a verborréia agressiva numa conferência em Santiago do Chile em 2007.
É o que se pergunta agora ao país que criou a Inquisição, adorou o Generalíssimo e persegue Vinícius Jr por sua cor de pele. Como em Santiago do Chile, não haverá resposta, apenas a baba agressiva que de certos ibéricos escorre.

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