Perdido em Israek - Trecho 168

 


28 de maio de 2024


Pronto: estou de volta apenas agora, um dia depois do calamitoso ataque pelo qual Israel diz ter se envergonhado.
As engrenagens da condenação internacional movimentaram-se emitindo juízos e, se mais virá (o que é provável), ainda está sendo gestado. O certo é que erros desse tipo deixam marcas indeléveis e nunca serão esquecidos nos futuros debates sobre a questão.
As notícias de hoje mostram que o IDF já ocupou a praça central de Rafah e segue avançando. Segundo algumas teorias de conspiração, “o erro vergonhoso” talvez nem tenha sido um erro, mas uma formidável cortina de fumaça calculada para permitir que Netanyahu siga avançando no paulatino desmantelamento de Rafah.
Não quero crer que assassinar inocentes possa ser uma tática militar, mas não posso, tampouco, deixar de noticiar o que se fala. Como correspondente longínquo dessa fiara de atos sangrentos, confesso que tem sido difícil separar o joio do trigo.
Também ontem se noticiou que um soldado israelense matou um egípcio, colocando em risco uma paz longeva entre as duas nações. Lí, em outras fontes, que foi apenas um acidente. O combatente egípcio, do lado de fora de Rafah, teria sido atingido por uma bala perdida – o que, claro, tem o mesmo efeito para sua família e amigos, mas não precisa interferir na geopolítica da região.
Pelo que estudei, hoje – e minha pesquisa tem sido intensa, acredito – no diário Al Akhbar, publicado no Cairo, as lideranças locais não esbravejaram. O assunto principal em discussão é que os ataques houtis no Iêmen, contra navios mercantes, já teria desvalorizado em 30% o valor do Canal de Suez, uma das principais fontes de renda da antiga nação dos faraós. Lembrando que o Iêmen é uma espécie de gargalo na entrada do célebre canal – e os houtis são irmãos de sangue do Hamás e do Hezbolá.
Enfim: é tudo junto e misturado, tão interligado quanto os túneis secretos de Gaza. Os historiadores vão levar séculos para decifrar esse confronto e, creio, nem assim saberão da missa a metade.


Próximo trecho 169

Comentários