Perdido em Israel - Trecho 141
Por enquanto, um dia reservado às coisas que não vão acontecer. Um grupo de 18 países, comandado pelos Estados Unidos acaba de exigir a libertação imediata de todos os reféns em Gaza. É apenas pressão e registro. Sem qualquer consequência. Outra balela: os palestinos sugerem uma trégua de cinco anos, caso Israel se retire de seus territórios e aprove a criação de um estado palestino baseado nas fronteiras pré-guerra de 1967. Sem qualquer consequência. Israel não abre mão da Faixa de Gaza e, caso seguisse as exigências teria, por exemplo, de retirar-se de Jerusalém.
São gestos políticos tão aquém da realidade que é de duvidar que qualquer pessoa perca tempo com eles. Manobras protelatórias.
Ao menos, produzem notícias para os meios de comunicação, em meio à expectativa do que Israel há de fazer na ratoeira de Rafah, onde, segundo as contas nunca confiáveis de lado nenhum, está esprimida quase a metade da população desse setor da Palestina. Israel já decidiu que é hora de atacar, mas sabe que, quando isso ocorrer, será ainda mais desprezado pela opinião pública internacional.
Noticia-se, hoje também, que o Egito e Israel estão intensificando as conversas bilaterais, de modo a minimizar o estrago previsto.
Não posso deixar de registrar que neste 25 de abril celebra-se o cinquentenário da Revolução dos Cravos que foi a forma divertida e colorida com que se encerraram os 41 anos do salazarismo violento e atrasado que fez de Portugal uma das nações mais pobres da Europa. A semelhança é possível porque refere-se a gente submetendo e matando gente. Seria um sonho se o (os) problema (s) do Oriente Médio terminasse em efusão e música, como ocorreu em Portugal.
Estive em Portugal um ano depois da revolução e, na falta de alternativas, acabei aceitando a sugestão de pagar algo como duas foices e um martelo (era uma ninharia) para celebrar o revéillon juntos aos membros do Partido Comunista Português. Acreditem: foi uma festa de família, com quermesse e crianças que ganhavam prendas caso acertassem, com dardos, o nariz de ditadores de direita. Nosso presidente Geisel perdeu uns trinta narizes no evento.
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