Perdido em Israel - Trecho 138





Ontem foi um dia fraco de acontecimentos no Oriente Médio. Por “fraco”, entenda-se: apenas a rotina de sempre: mortos, feridos, gente triste e acabrunhada que vai acentuando seus sintomas com o passar do tempo. Acusações falsas ou verdadeiras das partes envolvidas.

O escritor best-seller israelense, Yuval Harari, professor universitário, autor de Homo Sapiens, obra que lhe rendeu milhões de seguidores (além de outras), tem escrito ou dito em palestras que Israel já perdeu a guerra, porque não sabe o que quer, não tem planos claros enquanto o Hamás teve a perícia de reacender o antissemitismo em todo o planeta e ainda transformar-se de agressor em vítima. Violento crítico de Netanyahu, ele garantiu, em artigo publicado nos últimos dias, que o líder de Israel está prestes a torná-lo um país inviável – e que só a sua substituição por uma nova ordem mais sensata e moderada (urgente, em suas palavras) seria capaz de dar lógica e substâncias à novas ideias.
Não se pode dizer que Harari é o senhor da razão e há leitores que contestam as avaliações de suas obras. Mas que é uma voz forte e respeitada de oposição, não se pode questionar.
Sobre hoje, dia convencionado como o “descobrimento do Brasil” por Pedro Álvares Cabral, há pelo menos uma novidade, ainda que tardia. Aharon Haliva, responsável pela inteligência de Israel (aquele grupo que jogava damas ou dominó no último dia 7 de abril), foi demitido. Quase às lágrimas, ele admitiu que falhou miseravelmente ao permitir o tal ataque assassino, diz que não dorme bem desde então.
“Eu vou sempre carregar a dor e a responsabilidade por tudo o que aconteceu”, finalizou,
O melhor dos mundos, de fato, teria sido evitar o ataque, ou a menos torná-lo irrelevante. A pergunta que me ocorre é porque Haliva levou tanto tempo para admitir o que fez (ou não fez). Terá ele sido protegido pelas Forças de Defesa de Israel? E qual teria sido a razão? Em um governo sem transparência como o de Netanyahu, não haverá respostas. Enquanto se decide quem vai substituir o novo boss da inteligência, a pergunta é se há inteligência verdadeira disponível nas hostes do primeiro ministro israelense. Sem contar a de Harari.

Comentários