Perdido em Israel- Trecho 131




Veio o ataque. Ou não veio, a julgar pelos seus resultados ínfimos. Teve ares de jogo de cartas marcada. Uma pantomima.

O Irã lançou algo em torno de 330 drones e mísseis sobre Israel. Desperdiçou todos eles. Ainda mais estranho: eles vieram anunciados e de tal forma lentos (jornalistas cobriam o seu caminho, como se estivessem narrando um desfile militar) que parecia tudo previsto e combinado entre as partes. O Irã e todo o resto do mundo conhecem o tal escudo de Israel que abate, infalível, qualquer tipo de ataque aéreo. Impossível que fizessem um ataque tão pífio e com tanta segurança em seu próprio fracasso.
Pouco tempo depois, o regime dos aitolás anunciou que a missão estava cumprida e confirmou que saia de campo. Cantou vitória internamente e recolheu-se.
O mundo sofreu um solavanco como se estivesse passando, além da velocidade, sobre uma lombada. Breaking News por toda a parte. E só: a montanha pariu um camundongo.
Se premeditado do jeito que pareceu, foi, talvez um ato de inteligência, que encerrou uma crise de temperatura elevada.
Mas há um porém: o Irã, país livre e independente, atacou outro país livre e independente. Assim começam, oficialmente, todas as guerras. Alas radicais de Israel exigem que o país destrua seu adversário. Netanyahu entre eles, porque, em caso de guerra declarada, não pode ser deposto.
A população de Israel pensa o contrário: assunto encerrado, há outros por resolver. O jogo diplomático e as ameaças de parte a parte vão seguir por alguns dias.
Não valem nada – e os seis meses da ocupação de Gaza têm comprovado. Gente rosnando, mostrando os dentes e acordos que nunca ocorrem. Se houvesse grandeza, Israel enviaria à Teerã uma flotilha de drones carregados de girassóis. Tem o mesmo efeito militar do ataque de ontem e produzem muito mais beleza.

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