Perdido em Israel - Trecho 130
A angústia da espera é, muitas vezes, menor do que a força do do que se aguarda. Entre ontem e hoje, apesar dos avisos, das certezas quase absolutas, dos clamores de ódio, o Irã ainda não atacou Israel. Persiste a tensão, espessa dúvida, quase tocável. Alguns acham que o ataque virá no Shabat, entre o entardecer de hoje e o de amanhã, porque datas de importância religiosa têm maior valor simbólico.
Há o temor de que os antigos persas venham com força apocalíptica, que, de um jeito ou de outro, elevará a dimensão do conflito a um provável nível mundial. Mas boa parte da imprensa internacional já cultiva o prognóstico de que a vendeta iraniana seja tão delicada quanto os tapetes cuja beleza sobrenatural aquele povo domina com arte única há milênios. Uma retaliação a ser louvada pelos aiatolás e cantada por seu povo, sem quase nenhum efeito colateral. Isso já ocorreu há 24 anos, quando um comando norte-americano assassinou Qassem Soleimani, o incontestável líder (e herói) militar iraniano à época.O atentado foi – e ainda é – considerado uma tragédia nacional. Juras de vingança vigorosa foram anunciadas em seguida, enquanto a população xiita chorava e bramia pelas ruas de todas as principais cidades. As bolsas mundiais caíram, o temor abalou o Ocidente. Eis que veio, conforme prometido, o anunciado revide.
O Irã atacou uma base militar americana em Ain-el-Asad, no Iraque e, segundo números não atestados até hoje, feriu 12 soldados norte-americanos. Pronto: o povo persa saiu às ruas para comemorar o feito, os norte-americanos apenas balbuciaram um resmungo e colocou-se um ponto final na querela.
Todos, exceto Soleimani, cantaram vitória.
Nas guerras, isso acontece com frequência. Não se trata de sinal de fraqueza ideológica, política e militar. Apenas do uso de um certo tipo de inteligência, que poupa vidas inocentes e põe panos frios em fornos prestes a explodir. Eis um cenário que talvez conviesse às partes envolvidas. Por enquanto, resta esperar.
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