Perdido em Israel - Trecho 115
A vida normal
Notícias sempre horríveis, mas cada vez mais entediantes, dos conflitos de Israel. O Palestine Chronicle, que é órgão ligado à Fatah, na Cisjordânia, informa que as Forças de Defesa de Israel tiveram o seu dia mais duro no conflito e sofreram severas perdas. O Jerusalém Post, jornal tradicional de Israel, informa que Idan Amedi, um dos astros da série Fauda, foi gravemente ferido na frente de combate.
O Hezbolá conta que atingiu, com mísseis, outra base do exército israelense no norte do país, mas Israel garante que “não foi nada” e ninguém sequer saiu ferido.
A mim me surpreende (porque nunca participei de uma guerra real) que, com todo esse climão, a vida continue rolando em todos esses lugares. Em Israel, chora-se pelo sofrimento do ator de Fauda, que antes foi, também, um cantor popular.
Na sub-Gaza, que é como resolvi chamar os andares subterrâneos do enclave, o Hamás continua produzindo bombas e, na falta de pólvora suficiente, usa fertilizantes como explosivos. As famílias cujas casas foram destroçadas mudaram-se para a de parentes e 2 milhões e duzentos mil palestinos seguem tentando levar sua vida adiante.
Há comércios abertos, gente vivendo com as limitações de sempre (o enclave sempre foi muito pobre), mas, segundo relatos de diversas fontes, pessoas que tentam levar adiante suas velhas rotinas.
Nos aparelhos que ainda funcionam e nos alto-falantes de rua, segue-se ouvindo, sem descanso, a música Ally-Al-Kufiyyeh, na voz de Mohammed Assaf, o jovem palestino que conquistou a versão árabes do Arab Idol (uma espécie de The Voice da região) e é um orgulho nacional. Ele nasceu no Iraque mas vive em Kahn Younis e, ai de Israel, se matá-lo num desses ataques aleatórios.
Jacqui e Iris, minhas amigas e eventuais “consultoras”, dizem que, também em Israel, as rotinas andam quase inabaladas. Há menos gente nos restaurantes, os preços de frutas e combustível subiram além da conta, mas os concertos e outros espetáculos de conteúdo patriótico seguem sendo realizados.
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