Perdido em Israel - Trecho 110
Paz.
Hoje, apenas hoje, eu gostaria de falar de paz. Existem batalhas como sempre, ameaças e um clima de tristeza geral.Mas houve momentos de paz, poucos, curtos e incertos –o suficiente para que se construísse um país. Um país avançado, que produz alta tecnologia que é, ao mesmo tempo, um país entortado pela ventania da violência.
Ele existe, é rejeitado, compõe-se de uma colcha de retalhos de etnias e visões diversas sobre o Criador e foi o primeiro a adotar o tal do monoteísmo. Mas vive do jeito possível, nação artificial e justa para abrigar os sobreviventes de milhares de anos de sujeição e perseguição.
Não vou até lá há 54 anos, mas sei que tem de tudo, feéricas lojas de flores, shopping-centers com marcas mundiais e restaurantes excelentes, que, segundo minha amiga Iris, andam quase vazios – como os depósitos de esperança de seus habitantes.
É mais oriental no sul do que no norte, que tem temperaturas mais amenas, colinas e lagos navegáveis. Suas cidades principais não devem nada às mais belas do Ocidente. A pujança de Tel Aviv, a santidade de Jerusalém e a harmonia de Haifa são testemunhos de que os dias e as horas de paz foram utilizados com avidez.
Recebi de um amigo muito antigo (e hoje não tão próximo) um concerto realizado na bela cidade de Cesaréa, no anfiteatro, romano eu suponho, poucos dias atrás. Ele é descrito como o maior já realizado no país em número de artistas envolvidos. Ao todo, mil músicos do país, uma plateia grande e centenas de parentes dos ainda sequestrados pelo Hamás, entoaram uma canção pungente, que levou milhões de pessoas a alguns minutos de paz e lágrimas. Chamou-se Homeland Concert e, com os dados que já passei, é fácil ser encontrado na internet.
Antevi, naquele espetáculo, algo que não esperava e cujo propósito nem percebi durante a minha primeira e única visita à Israel.
Renasce, a meu ver, o idealismo impressionante que forjou aquele país e que se perdeu, lentamente, com o passar das décadas.
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