Perdido em Israel - Trecho 102
Dentes a mostra, os lobos do conflito seguem uivando. As alcateias (é o que se lê) são cada vez maiores na fronteira entre Israel e Líbano, um país lindo, arrasado e ocupado pelo Hezbolah em sua região mais ao sul. Já disse, em algum capítulo anterior, que é um grupo muito maior do que o Hamás e, também, muito mais diverso. Ele se encarrega de projetos sociais no Líbano, tem escolas e hospitais e comunidades bem-organizadas. É, também, xiita, financiado pelo Irã e pela Síria, entre outras fontes.
Seu braço armado assusta muito mais do que o de outras milícias menores da região. E, ideologicamente, ele também não aceita a presença de Israel no Oriente Médio, como diversos outros.
O Hezbolah também atua no exterior e promove ataques eventuais e muito violentos em lugares e situações e inesperadas. O mais conhecido deles foi o de Buenos Aires em 1994, contra a AMIA – Associação Mutual Israelita Argentina -, até hoje o maior atentado da história do país vizinho, que matou 85 judeus e deixou centenas de outros feridos. Quase vinte anos depois, ainda é um mistério e segue gerando filmes, livres e seriados.
Com 260 mil cidadãos de origem hebraica, a Argentina é o país com maior número de judeus na América do Sul. Em função desse episódio, sobretudo, as posições de Israel e do Hezboláh são definitivamente inconciliáveis.
Desde o ataque de 7 de outubro, os olhos do mundo voltaram-se para o norte de Israel, focados nas cidades e vilas fronteiriças. Não houve, até então, nenhuma declaração oficial de guerra, mas os mísseis e escaramuças aparentemente já mataram 200 soldados de parte a parte, o que é, provavelmente, um número aleatório, desses que disputas militares deturpam o tempo todo.
Eis que, enquanto a matança em Gaza certamente continua (oculta pela mídia desaparecida que foi passar o período de festas em outras paragens), os lobos a que me referi seguem uivando com maior vigor. Não no sul, mas no muito mais verde e europeu norte de Israel. Ainda ontem, Netanyahu pediu ao pimeiro ministro do Líbano, Najib Mikati, que controle o Hezboláh ou ele mesmo vai fazê-lo. Pura bravata política.
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