Perdido em Israel - Trecho 100




Matemática: uma ciência inexata.

A guerra completa 80 dias, um número exato e preciso. Na jamais confirmável aritmética do conflito, agora são 20 mil os mortos palestinos (inocentes e membros do Hamás), quantidade horrível, mas irrelevante se comparada aos derrubados na guerra europeia entre Rússia e Ucrânia, que, aliás anda desaparecida dos noticiários. Segundo os números tampouco confiáveis do estado de Israel, a quantidade de vítimas é a metade do que a anunciada por seus adversários. Estima-se (de novo na conta duvidosa dos conflitos), que 200 mil civis tenham perecido na beira do mar Negro, na outra guerra.
Entre os militares, a quantia é ainda maior, com mais baixas entre russos do que ucranianos, porque os exércitos de Putin vêm de levada, um atrás do outro e não importa quantos sejam sacrificados desde que os objetivos sejam alcançados.
Vê-se que, lentamente, a pátria de Zelenski dos russos.
Pergunto-me por que os russos fazem o que fazem e não são chamados de “genocidas”?
Ah, deixa pra lá...
De volta ao número de 20 mil mortos em Gaza, eles representam menos de 1% da população do enclave. Isso significa que 99% dos palestinos da região seguem vivos. Cada morte de um inocente é injustificável, mas é bom você ter esses 99% na cabeça, para ponderar sua equação.
Números – esses aceitáveis (será?), porque apurados por um instituto de pesquisas, Israel Democracy Institute, que entrevistou árabes com cidadania israelense, revelam que 56% deles consideram que o ataque do Hamas em outubro não reflete os valores da sociedade árabe e do islamismo. Não é um número expressivo. Nada mesmo. Só nas guerras e em suas consequências, portanto, a matemática deixa de ser uma ciência exata. Dependendo dos numerais colocados por humanos que se odeiam, as contas sempre saem com resultados equivocados.
Recomendo a meus leitores/seguidores que tenham isso em mente antes de emitir opiniões baseadas em contas nada exatas – sobretudo se forem números engajados em prol de um lado ou de outro.

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