Perdido em Israel - Trecho 96




Yahia Sinwar, o açougueiro medroso.


Não falei dele até agora, porque trata-se uma figura controvertida. Mas há muitos anos os serviços de inteligência de Israel consideram-no o pior dos líderes do Hamás ainda em Gaza.
O porta-voz militar israelense chamou Sinwar de “a face do mal” e anunciou que ele é um “homem morto andando”. Também foi honrosamente apelidado de “o açougueiro de Khan Younis”. Não resta dúvida que esse senhor, de 61 anos de idade é visto, simultaneamente, como um líder implacável e respeitado do Hamás pelo seu próprio grupo também, todavia, conhecido por torturar soldados de sua milícia, deformando-os com o uso de um prato em brasas caso considere fracos ou insurretos. Seria esse o seu modo preferido de seviciar desafetos. Além de estuprá-los e matá-los.
Mas a questão que se impõe nesse momento do conflito é outra. Cresce a desconfiança de que ele não quer ser um mártir e morre de medo de morrer.
Se as negociações no Egito emperraram (é o que dizem as mesmas fontes de pé quebrado), é porque as Forças de Defesa cercaram sua residência em Khan Younis e ele estaria apavorado com a perspectiva de ser morto. Diz-se que está disposto a fazer inúmeras concessões para salvar sua pele.
É fácil entender, por esse raciocínio, que todas as guerras não são baseadas apenas em ideais de qualquer natureza, mas nas fraquezas e idiossincrasias de alguns de seus comandantes.
Em guerras recentes, foi a mitomania que derrotou as mais poderosas armadas. Segundo o google, a mais fácil referência de busca on-line,
“a mitomania é a compulsão pela mentira, contada de forma consciente, que tem por objetivo a autoproteção ou, muitas vezes, o falseamento da realidade, de maneira a fazê-la parecer melhor”.
Sinwar é, ao que se sabe, uma pessoa de caráter duvidoso, nunca um mitômano. Um homicida cruel, com ideias fanáticas. Dizem que, agora ele está entincheirado num dos túneis de Gaza, mas ele mesmo sabe que sua cabeça está a prêmio.

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