Perdido em Israel - Trecho 84
O poder do chá vermelho.
Tenho dedicado mais tempo a criticar Netanyahu do que a mencionar os líderes palestinos do Hamás. Por um motivo evidente: não tenho a menor ideia de quem, de fato, lidera o grupo terrorista. Surgem nomes aqui e ali, tão confiáveis quanto os números que pipocam aqui e ali, no que diz respeito à Gaza. É uma estranha batalha contra sombras fugazes.Na mira, alvos desconhecidos; no caminho das balas, gente inocente. Não há um quartel general oficial, nem os raros porta-vozes costumam se repetir. A inteligência militar israelense, que não merece confiança desde o ataque de 66 dias atrás deve estar perdida como um enxadrista num tabuleiro de damas.
Ainda hoje, confirmando essa tese, a liderança da defesa de Israel anunciou que não sabe quanto o conflito vai durar. Talvez semanas, quiçá meses. Tudo isso baseado no retrato do dia. Vá se saber o que pode mudar em momento subsequente.
Ainda são mais de cento e trinta os israelenses raptados durante o ataque. Estão por lá em algum lugar, enquanto os israelenses indignados à espera, protestam na frente de seu próprio parlamento (a Knesset). Uma simples enquete revelaria que a maior parte dos moradores de Israel (a essa altura) andam mais envolvidos com a devolução dos reféns do que com a própria guerra.
Um conhecido israelense-brasileiro, do grupo que perdeu o amor por seu próprio país, disse-me a seguinte frase. “Os reféns existem, são um fato. O futuro, não.”. Há lógica simples nesse raciocínio, a meu ver.
Suponhamos que sua casa foi assaltada e os criminosos tenham levado algum membro de sua família. Com toda a certeza, você estará mais preocupado com a volta do raptado do que com a questão maior, que seria combater o crime, o que leva a ele e a quase inviável solução do problema. Sim ou não?
Os palestinos devem pensar o mesmo de seus familiares internados em presídios israelenses, muitos deles sequer julgados. Mas as evidências revelam que essa não é sua motivação primária. A prioridade é eliminar Israel da face da terra e motivar todos os que pensam assim a ajudá-los nessa tarefa.
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