Perdido em Israel - Trecho 77
Em plena TchéquiaAinda ontem encontrei um amigo, judeu e seguidor de sua fé, que ao saber-me distante de Deus e de Israel, decretou: “Não importa: eles vão achá-lo de qualquer maneira.”
Honestamente, espero que não o façam. Outro amigo, na mesma roda de Pilsner Urquell, uma das deliciosas cervejas que rodavam soltas no Consulado Geral da Tchéquia (não mais República Tcheca) em São Paulo, declarou-se seguidor do catolicismo romano, embora sua mãe, vienense e judia, tenha-lhe passado, involuntariamente, o sangue de sua etnia. “Nem insista com isso: vão encontrá-lo também!”, vaticinou o primeiro. As duas frases do simpático amigo Chapô (dando nome ao boi) soou-me dogmático e incontornável. Sim, a história está a seu lado, ainda que em estágios diferentes – e apesar dos mal informados que a ignoram e cismam em negar a Inquisição, os pogroms e o Holocausto por puro deboche.
Gostei da cerveja e da roda, afinal nem tão eclética assim. Lembrou-me, um pouco, do tempo em que pessoas guardavam posições políticas, ideológicas, futebolísticas e até religiosas distintas, mas nunca carregadas do ódio infinito que as redes sociais e a internet despejaram nas veias do século 21.
Os criadores do neopuritanismo hoje identificado por subverteram, as antigas (caquéticas, dizem alguns) relações, com a velocidade de um Malgve – o trem chinês mais veloz do mundo, que alcança 430 quilômetros por hora. Se você já andou numa composição de alta velocidade, sabe que a paisagem desaparece em manchas sem sentido, mas continua a mesma.
Comentei com os amigos cervejeiros que ainda possuo essa impressão, a de que nada mudou, exceto as cargas de empoderamento de que alguns se aproveitam, mas a maioria sequer consegue suportar. Conversa tola, efeito da primeira cerveja desse tipo em todo o mundo, não por acaso inventada na cidade de Pilsen, na Tchéquia.
“Vão te pegar!”, seguia profetizando Chapô, e não pude deixar de perceber que nessa nova maquiagem de valores, os judeus, os que sim ou que não, não foram incluídos ou empoderados (aliás, essa é palavra da moda, sinônimo de habilitado, que soa mais leve e tem a mesma clareza).
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