Perdido em Israel - Trecho 54
As bengalas de Viena
A carta que o Marcel mandou para seu amigo tem, é claro, muito rancor e a mais que aceitável indignação ao descobrir que um velho amigo perdeu o prumo e adotou a perspectiva de que precisa alinhar-se aos mais fracos.
Não: não há mais fracos do que os judeus, os ruins, os bons e os conformados, mas para entender isso, há que se mergulhar fundo na fossa oceânica da História.
Dá muito trabalho ir tão longe e é simplório defender criancinhas que, vítimas inocentes, vêm sendo usadas por essas milícias assassinas como mártires de sua defesa legítima.
Ainda ontem ouvi que o estado facínora de Israel está rompendo todas as leis humanitárias ao bombardear hospitais e escolas. Pergunto-me se é minimamente humano que o Hamas se esconda exatamente nos hospitais e escolas.
Não consigo, nem de longe, imaginar que que o Hamas tenha imaginado excursionar pelo estado que odeia, um divertido passeio com a finalidade de eliminar civis inocentes – sem ter a certeza de que a retaliação viria em seguida.
Ouso afirmar, olhando sem paixão e sectarismo para os fatos, que o Hamas ansiava mesmo pela revanche, com o objetivo de fomentar o renascimento da máxima de que israelenses – e todos os judeus, por extensão – sempre foram e serão as caricaturas desprezíveis impressas no Der Stürmer, jornal amtissemita dirigido por Julius Stracher (que arda no inferno!)
Ainda dois ou três anos atrás, caminhando por cidades como Viena, Praga e Budapeste, encontrei, em antiquários diversos, elegantes bengalas cuja manopla, de prata ou metal que a copie, era um longo nariz judaico.
“Saem muito bem!”, confidenciou-me o comerciante, com a risadinha sinistra dos canalhas.
De volta, ainda, ao texto “E aí, mano”, confesso que o que mais me surpreendeu foi o engajamento de meu filho a uma história quase esquecida, contada e recontada por seus antepassados, mas desgastada e jamais retomada com a veemência do dia 7 de outubro.
Tardiamente (mas nunca por falta de aviso) o judeu adaptado em que se transformou, com um filho (meu neto) de olhos rasgados à moda japonesa, também filho de mãe em parte oriental, rompeu o casulo.
Não consigo, nem de longe, imaginar que que o Hamas tenha imaginado excursionar pelo estado que odeia, um divertido passeio com a finalidade de eliminar civis inocentes – sem ter a certeza de que a retaliação viria em seguida.
Ouso afirmar, olhando sem paixão e sectarismo para os fatos, que o Hamas ansiava mesmo pela revanche, com o objetivo de fomentar o renascimento da máxima de que israelenses – e todos os judeus, por extensão – sempre foram e serão as caricaturas desprezíveis impressas no Der Stürmer, jornal amtissemita dirigido por Julius Stracher (que arda no inferno!)
Ainda dois ou três anos atrás, caminhando por cidades como Viena, Praga e Budapeste, encontrei, em antiquários diversos, elegantes bengalas cuja manopla, de prata ou metal que a copie, era um longo nariz judaico.
“Saem muito bem!”, confidenciou-me o comerciante, com a risadinha sinistra dos canalhas.
De volta, ainda, ao texto “E aí, mano”, confesso que o que mais me surpreendeu foi o engajamento de meu filho a uma história quase esquecida, contada e recontada por seus antepassados, mas desgastada e jamais retomada com a veemência do dia 7 de outubro.
Tardiamente (mas nunca por falta de aviso) o judeu adaptado em que se transformou, com um filho (meu neto) de olhos rasgados à moda japonesa, também filho de mãe em parte oriental, rompeu o casulo.
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