Perdido em Israel - Trecho 64




 Coisas sobre o Catar

Devem voltar para Israel, amanhã (24/11), os primeiros reféns da emboscada de outubro. Os palestinos também receberão os seus. Trégua confirmada - e não preciso dizer o que já disse sobre elas. Como observador, parece-me estranho e mal explicado o fato de que o Qatar seja o mediador dessa pausa.
Todo mundo, hoje, conhece o emirado absolutista que sediou a última Copa do Mundo de Futebol, seus estádios bilionários, sua pista para corridas de Fórmula 1 e os prédios de design moderno que compõem sua paisagem. O Catar é um território masculino que, graças, outra vez, ao petróleo, tem a 6ª maior renda per capita do mundo. Cada catari recebe o equivalente a quase 140 mil dólares por ano, o equivalente, no câmbio que não para de flutuar, R$ 700 mil reais por ano ou pouco menos R$ 60 mil reais por mês.
É claro que as contas por média dizem pouco. O provável é que boa parte da população tenha estipêndios pequenos – o suficiente, contudo para que os cataris comprem ao menos um climatizador de modo a não fritarem em suas casas.
Tamin bin Hamada al-Thani é o atual emir do Catar e tem relações com o ocidente. Um homem charmoso e elegante, que, porém, deu um golpe de estado em seu próprio pai. Abriga, inclusive, uma base militar americana e muitos o chamam de Suiça do Golfo Pérsico, sem Alpes nevados (é claro), mas rico em apedrejamentos, chicotadas e punições. Atos homossexuais são castigados com a pena de morte e, em sua interpretação da sharia (regras jurídicas derivadas, dizem, de Maomé), mulheres não tem qualquer chance em disputas jurídicas com os homens. Seus testemunhos valem a metade do que os testemunhos masculinos e, em qualquer conta, elas perdem por pelo menos um a meio.
Igualzinho ao que ocorre em diversas outras nações árabes. Não compete a mim julgá-los, apenas narrar as determinações que soam estranhas à cultura ocidental. Em verdade, como já foi dito, tenho horror à déspotas de qualquer matiz, mas sou absolutamente a favor das escolhas religiosas e políticas de qualquer nacionalidade, baseadas em sua fé e livre arbítrio.

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