Perdido em Israel – Trecho 61
A escaramuça de hoje, segundo a agência palestina de notícias Wafa, teria sido um ataque israelense ao hospital indonésio em Beit Lahia, que deixou doze mortos. Outras notícias, tão repetidas que provocam bocejos, informam que os subterrâneos da instituição de saúde estão infestados de combatentes do Hamás.
Nada que consiga confirmar de forma independente, se é que
ainda existe qualquer tipo de independência na escassa cobertura da tal guerra.
E a trégua, então?
Não se animem, porque ninguém é de ferro. Pode ser oficial,
oficiosa ou sequer existir. Mas se o inimigo der moleza, bala nele.
Infelizmente Pelé morreu no ano passado e, há décadas,
estava velho demais para exibir sua inigualável qualidade. Fosse nos anos
sessenta, ele talvez repetisse a proeza, embora não existam gramados de boa
qualidade na Faixa de Gaza e, como ele mesmo testemunhou, sua trégua particular
não serviu, em nada, para a promoção da paz.
Guerra não é aritmética
O silêncio persiste no 46º dia do conflito. Haverá (ou não)
algum tipo de notícia, pacificadora ou agressiva, porque os líderes árabes
chegaram em Moscou para uma dita conversa decisiva com o Kremlin.
Estarão presentes o chanceler saudita Faisal bin Farhan Al-
Saud, seu equivalente jordaniano Ayman Safadi, o chanceler egípcio Sameh
Soukry e os também ministros Retno
Marsudi, da Indonésia, Riyad-al-Maliki, da Palestina e o secretário geral .da
Organização de Cooperação Islâmica, general Hissein Brahim Taha – que vão
debater o tema com Sergey Lavrov, também Ministro do Exterior da Rússia.
A conversa pode não dar em nada ou mudar o rumo do conflito, mas, como observador, acredito mais
na primeira hipótese.
Reações internacionais seguem reverberando, mais acaloradas
a medida em que Israel segue patrocinando “um genocídio por dia”, em vez de
tê-lo feito de uma vez só, como alguns propuseram. Cada palestino inocente
morto significa cem vezes mais antissemitas unindo-se às multidões que
protestam pelas ruas de grandes capitais.
Cem por um?
É evidente que esse número é tão disparatado quanto todos os
outros. Não há dúvida de que é impossível quantificar o que quer que seja em um
confronto em andamento. Pior que isso: a tentativa de transformar guerra em
aritmética exclui paixão, ódio, indignação, medo e esperança - os verdadeiros
numerais desse tipo de crise. A raiz quadrada de ódio, dentro de uma equação
que inclui crianças mortas e reféns é uma bobagem insolúvel.
Próximo - trecho 62
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário.