Perdido em Israel - Trecho 60
Existe trégua real?
O rei Pelé, tido como o maior jogador de futebol do mundo, provou que, sim, existe trégua aceita até para ver um jogo de futebol – o que revela a banalidade dos conflitos.
Era uma partida marcada entre a seleção oeste-nigeriana e o Santos, na cidade de Benin. A luz do hotel onde a apavorada agremiação santista ficaria hospedada, foi cortada de propósito para que a hospedaria não fosse alvo fácil de bombas. Na ânsia de ver o esportista mais famoso do mundo, os inimigos (que se matavam como moscas), sentaram-se lado a lado no pequeno estádio local.
Assim que o jogo terminou e o time brasileiro ultrapassou as fronteiras do conflito, a trégua cessou. Os ataques recomeçaram e a história registra que um milhão e duzentos mil pessoas morreram, alguns antes, outros depois de ver Pelé em campo.
Era uma partida marcada entre a seleção oeste-nigeriana e o Santos, na cidade de Benin. A luz do hotel onde a apavorada agremiação santista ficaria hospedada, foi cortada de propósito para que a hospedaria não fosse alvo fácil de bombas. Na ânsia de ver o esportista mais famoso do mundo, os inimigos (que se matavam como moscas), sentaram-se lado a lado no pequeno estádio local.
Assim que o jogo terminou e o time brasileiro ultrapassou as fronteiras do conflito, a trégua cessou. Os ataques recomeçaram e a história registra que um milhão e duzentos mil pessoas morreram, alguns antes, outros depois de ver Pelé em campo.
No noticiário de hoje anuncia-se que há uma trégua na guerra entre Israel e o Hamás. Ninguém confirma se isso de fato está ocorrendo, embora, aparentemente haja menos vítimas nas últimas horas. Jornais pró Israel dizem que a interrupção das hostilidades foi um ato de grandeza, para permitir a entrada da sempre citada “ajuda humanitária” palestinos inocentes.
O próprio presidente Netanyahu nega o fato, em discurso cuja intenção é reforçar a fúria vingadora (que o mundo vem chamando de genocida).
O Catar, país encharcado de petróleo onde, dizem, estão escondidos os mentores do ataque de outubro, anuncia que é, ele próprio, o condutor desse cessar-fogo provisório, embora tenha se manifestado, diuturnamente, como aliado e financiador do Hamás.
Cada parte diz o que quer no jogo de blefes instaurado após o sumiço da verdade e da razão.
Tréguas, em geral, são bonanças antes da tempestade, ao contrário do que afirma o dito popular. Como não há negociação em vista, elas servem apenas para a recomposição de forças dos dois lados do conflito, reorganização tática e militar, realinhamento dos discursos beligerantes e produção de novos baralhos com cartas marcadas nos cantos, para que os blefes persistam – além de outros tipos de trapaças.
O próprio presidente Netanyahu nega o fato, em discurso cuja intenção é reforçar a fúria vingadora (que o mundo vem chamando de genocida).
O Catar, país encharcado de petróleo onde, dizem, estão escondidos os mentores do ataque de outubro, anuncia que é, ele próprio, o condutor desse cessar-fogo provisório, embora tenha se manifestado, diuturnamente, como aliado e financiador do Hamás.
Cada parte diz o que quer no jogo de blefes instaurado após o sumiço da verdade e da razão.
Tréguas, em geral, são bonanças antes da tempestade, ao contrário do que afirma o dito popular. Como não há negociação em vista, elas servem apenas para a recomposição de forças dos dois lados do conflito, reorganização tática e militar, realinhamento dos discursos beligerantes e produção de novos baralhos com cartas marcadas nos cantos, para que os blefes persistam – além de outros tipos de trapaças.
Arrisco-me a dizer, com a humildade e longa experiência de observador dos fatos que, se de fato existe uma trégua, ao final dela virá uma hecatombe.
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