Perdido em Israel - Trecho 59

18 de Novembro.

Trata-se um sábado esturricante em São Paulo e mais onze estados brasileiros que nunca sentiram temperaturas tão altas. 
Ressurge o vento após quase quinze dias sem qualquer brisa e as mídias parecem mais preocupados com os possíveis efeitos catastróficos da chuva que os meteorologistas (hoje apenas pitonisas, já que os modelos de atmosféricos caducaram de um ano para o outro, com o aquecimento global), anunciam que terá a força de um furacão.
O noticiário da guerra em Gaza é ralo, o que poderia ser um bom sinal. 
- Acabou a matança? – perguntam-se os palestinos.
- Acabou o Hamás? – esperam os israelenses.
Não, nada disso: ventos poderosos se aproximam de um pedaço de terra dez mil quilômetros distante, aqui no Brasil.
Tem, também, uma eleição na vizinha Argentina, que ameaça explodir o continente, mesmo sem ataque a civis de quaisquer nacionalidades.
Acaba de espocar uma notícia, truncada e pouco confiável de que o exército israelense matou, há pouco, entre 26 e 32 palestinos na área sul de Gaza. Pouco depois, ela foi retirada e não se sabe o porquê.
Resolvo vasculhar as redes, para ver o que está se dizendo. O Le Figaro, da França, comenta que há medo e desolação entre os judeus que vivem na Turquia. Vinte mil deles moram por lá, mas o errático presidente Erdogan pontificou que a culpa é de Israel e dos judeus em geral. O pânico se instalou entre eles, porque Erdogan, mais uma das lideranças nocivas que mandam no mundo, pode tanto eliminá-los como convidá-los para um chá de tília, muito popular por lá agora que o frio se aproxima.
O grupo de comunicações Al Jazeera, com sede no Catar, publica a foto de recém-nascidos em trajes de guerra na Faixa de Gaza com o título: “Bebês palestinos aprendem o som dos mísseis antes das cantigas de ninar”.
É para comover ou aumentar o ódio? E será mesmo uma notícia?
O ódio é a indústria que mais prospera no mundo. Se, com esse nome mesmo, ele fosse comercializado nas bolsas de valores, eu juntaria tudo, até os meus últimos centavos, para investir nesse grupo seguro, crescente e que só pode ir à bancarrota se ele mesmo encerrar a humanidade, caso em que, vejam só, ninguém registraria perdas. 
Se o mercado financeiro está animado, o ódio aumenta. Se cai, o ódio, multiplicado entre acionistas prejudicados, continua em alta. Parece que, com o risco de soar piegas, o ódio é nosso principal talento.

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