Perdido em Israel - Trecho 58
E de onde vieram as marcas nazistas no carro, de cor bege metálica, estacionado na tal garagem. A maioria silenciosa dos condôminos concluiu que foi apenas uma travessura de moleques. Que tipo de moleques? De idade suficiente para grafar suásticas e Heils Hitler, ao invés do escudo dos times para que torcem?
Ouso dizer que são apenas girinos racistas produzidos por sapos antissemitas e que, portanto, aprendem a intolerância no mesmo condomínio em que vivem ao redor de minha filha, de meu genro e meus netos, provavelmente nadando nas águas da mesma piscina e, pior hipótese, até fazendo brindes de vinho branco com ela.
Ainda assim, o instinto de preservação que afeta mães judias, fala mais alto. Nathalia, a única mulher de minha família que já esteve em Israel e segundo suas palavras “Adorou!”, ameaçou, divertida, mas implacável, a seu querido irmão, que quebraria seus joelhos se ele levasse adiante a recente intenção de mudar-se para Israel.
Os agressores estão na casa dela, mas ai de quem pensar juntar-se ao morticínio que ora está ocorrendo por lá.
Minha mulher, Lea é filha de um sobrevivente do Holocausto que virou celebridade em seus últimos anos de vida, fazendo emotivas palestras sobre os sofrimentos, os seus e os de seu povo, com um carisma que sequer sabia possuir. Virou reportagem em jornais e televisões do mundo inteiro (até na BBC), quando rabinos da mais antiga sinagoga de São Paulo fizeram seu próprio Bar-Mitzvá aos 91 anos de idade, o mais tardio que se conhece.
Lea despreza o Hamás, é solidária a todas as vítimas desse antissemitismo antigo (mas ultra renovado) e, diz, sobre o filho que ameaça ir para a Israel.
- Não vai, simplesmente não vai!
Assunto encerrado.
Minha irmã, cujo “general” Fernando está determinado a voltar aos amigos que fez – e ainda têm – em Israel, manifesta a mesma aversão pela iniciativa.
Tenho uma filha fora do casamento, a doce Maria Luiza, cuja mãe é católica e nunca manifestou qualquer interesse pela sua porção judaica genética. Com o rancor crescente entre os variados membros de suas redes sociais, ela se assustou e me disse:
“Nós estamos correndo perigo, pai!”, num raro momento de identificação com o povo a que, por bem ou por mal, terá de assumir, sob o risco de ser maltratada sem qualquer razão ou justificativa.
É pequena, como se vê, a porção feminina de minha família. Nem citei a líder de 6 anos, Helena, minha neta.
Mas não duvido vê-la, talvez de capacete camuflado, no comando de um tanque militar israelense. Consola-me o fato de que, durante os próximos quinze anos, Helena não terá idade para fazê-lo e, como já disse, não tenho qualquer boa expectativa quanto ao estado judaico nos próximos três lustros.
Ouso dizer que são apenas girinos racistas produzidos por sapos antissemitas e que, portanto, aprendem a intolerância no mesmo condomínio em que vivem ao redor de minha filha, de meu genro e meus netos, provavelmente nadando nas águas da mesma piscina e, pior hipótese, até fazendo brindes de vinho branco com ela.
Ainda assim, o instinto de preservação que afeta mães judias, fala mais alto. Nathalia, a única mulher de minha família que já esteve em Israel e segundo suas palavras “Adorou!”, ameaçou, divertida, mas implacável, a seu querido irmão, que quebraria seus joelhos se ele levasse adiante a recente intenção de mudar-se para Israel.
Os agressores estão na casa dela, mas ai de quem pensar juntar-se ao morticínio que ora está ocorrendo por lá.
Minha mulher, Lea é filha de um sobrevivente do Holocausto que virou celebridade em seus últimos anos de vida, fazendo emotivas palestras sobre os sofrimentos, os seus e os de seu povo, com um carisma que sequer sabia possuir. Virou reportagem em jornais e televisões do mundo inteiro (até na BBC), quando rabinos da mais antiga sinagoga de São Paulo fizeram seu próprio Bar-Mitzvá aos 91 anos de idade, o mais tardio que se conhece.
Lea despreza o Hamás, é solidária a todas as vítimas desse antissemitismo antigo (mas ultra renovado) e, diz, sobre o filho que ameaça ir para a Israel.
- Não vai, simplesmente não vai!
Assunto encerrado.
Minha irmã, cujo “general” Fernando está determinado a voltar aos amigos que fez – e ainda têm – em Israel, manifesta a mesma aversão pela iniciativa.
Tenho uma filha fora do casamento, a doce Maria Luiza, cuja mãe é católica e nunca manifestou qualquer interesse pela sua porção judaica genética. Com o rancor crescente entre os variados membros de suas redes sociais, ela se assustou e me disse:
“Nós estamos correndo perigo, pai!”, num raro momento de identificação com o povo a que, por bem ou por mal, terá de assumir, sob o risco de ser maltratada sem qualquer razão ou justificativa.
É pequena, como se vê, a porção feminina de minha família. Nem citei a líder de 6 anos, Helena, minha neta.
Mas não duvido vê-la, talvez de capacete camuflado, no comando de um tanque militar israelense. Consola-me o fato de que, durante os próximos quinze anos, Helena não terá idade para fazê-lo e, como já disse, não tenho qualquer boa expectativa quanto ao estado judaico nos próximos três lustros.
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