Perdido em Israel - Trecho 57

As mulheres da família.

Não sei no seu, mas no pequeno grupo de mulheres que me rodeiam, a preservação vem acima de todo o resto 
Minha filha mais velha, minha querida Nathalia, mãe de Tito e Helena, diz-se capaz de enfrentar qualquer novo antissemita (os velhos também) no braço, usando mesmo de violência física da qual, pequena em tamanho, não dispõe – apesar de seu treinamento assíduo e disciplinado na academia do condomínio onde mora. Dias atrás, viu-se tão próxima dos exterminadores de seu povo, que nem soube o quanto gritar e espernear nas redes sociais de que participa.
Ocorre que um dos muitos carros estacionados nas garagens daqueles prédios de classe alta, amanheceu marcado por cruzes suásticas e saudações a Hitler. 
Nathalia reagiu imediatamente. Avisou o síndico sobre a atitude racista, fotografou a agressão, igual às que vêm sujando paredes na Europa e em outras partes da América. Exigiu, é claro, imagens das diversas câmeras de segurança, de modo a identificar os autores de um ato antissemita dentro de sua própria casa (ou quase isso).
Também acionou a polícia, para registrar um boletim de ocorrência. Acabou ainda mais aterrorizada com as respostas que obteve. 
O síndico lamentou profundamente o fato de que o carro em questão estava num ângulo morto e não havia chance de identificar ou punir quem “estaria” trazendo terror ao pacato grupo de apartamentos. 
Da nossa sempre denodada polícia ouviu, nas palavras de um delegado responsável pelo bairro, que não havia nenhuma medida a tomar, visto que, no Brasil (mas não na lei), tratava-se de simples liberdade de expressão. 
Para evitar uma grita generalizada, alguém, provavelmente um funcionário da garagem, foi instado a lavar o carro e, portanto, destruir as evidências. Isso em pleno Brasil, país onde se comemora (com feriado e tudo o mais)m o Dia da Consciência Negra, mas, de fato, deveria comemorar o dia Consciência sobre as minorias. Um país cuja pluralidade está em forte decadência.
A foto de Nathalia, enviada a entidades judaicas diversas foi uma das muitas utilizadas para anunciar um aumento de 813% no antissemitismo brasileiro.

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