Perdido em Israel - Trecho 42
Meu general (é assim que o chamo, carinhosamente) é, por todas as razões, inimigo dos inimigos do lugar onde foi feliz – ao contrário do que fui em 1969.
Suponho que, assim como ele, o sentimento sionista voltou a aflorar em milhares de pessoas da mesma etnia, entre eles ateus ou pouco praticantes do judaísmo.
Com a introdução do termo “genocidas” para designar justamente os que sobreviveram ao Holocausto ou deles descendem, um amigo, judeu por tradição, como eu, manifestou), a seguinte frase:
- Israel deveria dar cabo da Faixa de Gaza com força bruta, uma bomba atômica, talvez. Nesse caso, não seriamos chamados de genocidas todos os dias, mas apenas uma vez.
A frase é hedionda, mas tem uma lógica intrínseca.
Os sentimentos, como se vê, estão exacerbados e sem qualquer “razão”, porque ela é a segunda vítima das guerras, como já afirmei.
Meu filho, que fez seu bar-mitzvá há quase trinta anos e nunca foi à Israel, perdeu as estribeiras com diversos amigos que, irresponsavelmente, postaram ou disseram frases a favor do Hamás e emitiram opiniões contra os judeus.
Rompeu com todos eles, chamou-os de antissemitas ignorantes e prometeu, franzino como é, dar-lhes uma surra caso passassem na calçada de sua cervejaria, no bairro de Moema, em São Paulo.
Não creio que o faria de verdade, mas essa foi sua forma de manifestar a indignação de todos os que se sentiram feridos com o renascimento do nazismo, seja lá que nome novo ele tenha.
Confesso que eu também estou tomado de indignação, nunca pelo conflito, mas por ser agredido genericamente, como se estivesse de arma em punho matando gente inocente para alcançar a milícia, apenas uma entre tantas, que se oculta nos porões de Gaza, nos hospitais e nas escolas, utilizando palestinos inocentes como brasões.
Vivo na paz possível da casa que conquistei com meu trabalho. Ela tem um jardim florido, uma imensa jaqueira ao lado de, ao menos, cinco araucárias enormes, árvores de pau-ferro, imensas paineiras e jabuticabeiras diversas, todas elas derivadas de uma mãe centenária, que ainda produz seus frutos para consumo imediato da passarada que nos oferece amanheceres e tardes bucólicos.
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