Perdido em Israel - Trecho 41
A segunda vítima
Já se sabe que a primeira vítima de cada guerra é a verdade. A segunda é a razão. Quando povos se matam, não importa quais sejam e o tamanho que possuam, a razão some. Não apenas a razão como sinônimo de inteligência, mas a razão que significa integridade ética, moral e social.
As nações envolvidas e hoje, também, a opinião pública mundial incitada pelas redes sociais, tomam seus lados, agem sectariamente, como torcidas organizadas que aplaudem a cizânia, matam e morrem pela cor de suas agremiações. Até mesmo os que se pretendem isentos e pontificam a partir de suas torres de sabedoria, ficam perdidos. Os fatos se sucedem, as imagens que vêm de Israel e de Gaza mudam opiniões, pioram, melhoram, açulam ou amenizam o texto dos analistas.
Em busca de uma solução humanitária já perdida nesse conflito, perdem-se, sobretudo, ao atribuir responsabilidades e injuriar os povos querelantes sem qualquer freio. O generalismo (judeus são isso, palestinos são aquilo etc.) mostra que a razão, segunda vítima de qualquer conflito, os abandonou.
Tenho um sobrinho na faixa dos trinta anos de idade que, atrapalhado para definir sua própria vida, acabou fazendo o que meus pais queriam (ou nem sei) para mim. Mudou-se para Israel, serviu o exército, participou de escaramuças e desenvolveu amizades duradouras. Passou, se não me engano, seis anos vivendo por lá, estudou arte cinematográfica, trabalhou como segurança em kibutzim e hotéis. Ele se chama Fernando e é um dos quatro filhos de minha única irmã.
Voltou ao Brasil porque teve saudades e ,como seu pai está doente, ele jamais deixaria de ajudá-lo. Um bom menino, muito querido.
No dia dos atentados de outubro, ele foi possuído por uma fúria extrema, postou cenas filmadas por seus ex-companheiros de exército e manifestou a disposição de voltar imediatamente à Israel, embora seja brasileiro e leve o nome Andrada e Silva, do patriarca da independência do Brasil há cerca de dois séculos.
Fernando queria guerrear, para desespero legítimo de minha irmã. Acabou preferindo o pai ao país, mas, se bem o conheço, deve estar carregado de angústia, talvez para o resto de sua vida.
Próximo - trecho 42
Já se sabe que a primeira vítima de cada guerra é a verdade. A segunda é a razão. Quando povos se matam, não importa quais sejam e o tamanho que possuam, a razão some. Não apenas a razão como sinônimo de inteligência, mas a razão que significa integridade ética, moral e social.
As nações envolvidas e hoje, também, a opinião pública mundial incitada pelas redes sociais, tomam seus lados, agem sectariamente, como torcidas organizadas que aplaudem a cizânia, matam e morrem pela cor de suas agremiações. Até mesmo os que se pretendem isentos e pontificam a partir de suas torres de sabedoria, ficam perdidos. Os fatos se sucedem, as imagens que vêm de Israel e de Gaza mudam opiniões, pioram, melhoram, açulam ou amenizam o texto dos analistas.
Em busca de uma solução humanitária já perdida nesse conflito, perdem-se, sobretudo, ao atribuir responsabilidades e injuriar os povos querelantes sem qualquer freio. O generalismo (judeus são isso, palestinos são aquilo etc.) mostra que a razão, segunda vítima de qualquer conflito, os abandonou.
Tenho um sobrinho na faixa dos trinta anos de idade que, atrapalhado para definir sua própria vida, acabou fazendo o que meus pais queriam (ou nem sei) para mim. Mudou-se para Israel, serviu o exército, participou de escaramuças e desenvolveu amizades duradouras. Passou, se não me engano, seis anos vivendo por lá, estudou arte cinematográfica, trabalhou como segurança em kibutzim e hotéis. Ele se chama Fernando e é um dos quatro filhos de minha única irmã.
Voltou ao Brasil porque teve saudades e ,como seu pai está doente, ele jamais deixaria de ajudá-lo. Um bom menino, muito querido.
No dia dos atentados de outubro, ele foi possuído por uma fúria extrema, postou cenas filmadas por seus ex-companheiros de exército e manifestou a disposição de voltar imediatamente à Israel, embora seja brasileiro e leve o nome Andrada e Silva, do patriarca da independência do Brasil há cerca de dois séculos.
Fernando queria guerrear, para desespero legítimo de minha irmã. Acabou preferindo o pai ao país, mas, se bem o conheço, deve estar carregado de angústia, talvez para o resto de sua vida.
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