Perdido em Israel - Trecho 37

 Não contei, ainda, mas no kibutz Bahan, o tal do cemitério de bolas, havia um bunker de dimensão adequada para suas poucas centenas de habitantes. Duas ou três vezes, se me lembro, sirenes nos obrigaram a correr esses refúgios, fétidos por natureza.

Alarmes falsos, felizmente. Que, há mais de setenta anos tocam automaticamente no interior da alma dos próprios israelenses, sempre assustados e com um sentido aguçado de que é preciso celebrar cada momento, como celebravam as vítimas da festa rave, dezenas de milhares delas vivendo cada minuto como se fosse o último. Foi mesmo, para muitos deles.
A questão, agora, é o porque temo pelo fim de Israel. Antes cercado de países de população empobrecida e parcamente armados, os ditos inimigos eram presa fácil para o então poderoso país (dito invasor por quem se limita a ler manchetes), equipado, com a poderosa ajuda financeira de judeus espalhados pelo planeta e pelo seu parceiro de primeira hora, os mui odiados norte-americanos, para quem têm ideias libertárias.
O tempo encarregou-se de mudar tudo, cavalgando na nacionalização de empresas exploradoras de petróleo, que, por fim (e com justiça, dada a demanda) aumentaram, de forma colossal, os preços de seu ouro negro.
Mais e mais petróleo era descoberto, dia após dia, nos desertos locais, terras beligerantes que me fizeram crer, sem qualquer nexo, que o tal combustível fóssil fosse um derivado do sangue que, por milênios, foi derramado no Oriente Médio e na Mesopotâmia.


Vizinhos cada dia mais ricos.


O dinheiro farto e fácil que o petróleo começou a produzir, expandiu o interesse de nele sempre investir, sobretudo com o domínio e o controle dos preços em suas próprias mãos.
Conto, aqui, que os Emirados Árabes, hoje capitais da ostentação e da riqueza na região, sequer existiam nos tempos que passei labutando em uma outra Israel (suponho que outra, porque não a reconheço em fotos recentes). Era, apenas, um porto pequeno dedicado aos contrabandistas da região.
Hoje, Dubai talvez seja o exemplo mais evidente da riqueza dos povos árabes. Povos nômades fincaram seus pés naquela areia e furaram o solo, sempre farto, de seus desertos.


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