Perdido em Israel - Trecho 32
As portas de vidro do hotel em Atenas, vandalizadas pela nossa “turba” que as deixou em cacos, foram outras vítimas daquela situação. Em Roma, nosso grupo de pseudo sionistas hostilizou abertamente um idoso que entrou no ônibus estacionado na frente da Catedral de São Pedro para vender objetos católicos. Mais tarde, no mesmo dia (uma sexta-feira), fomos à Grande Sinagoga de Roma localizada no rione (distrito) San’Angelo, em frente ao rio Tibre.
Era shabat e talvez expiássemos parte dos pecados cometidos naquela jornada sem nexo. Ocupávamos a terceira fila da plateia quando o velho ambulante do Vaticano, talit sobre o ombro e kipá equilibrado na cabeça de raros cabelos, entrou e abriu seu puído livro de rezas. Lembro de ter me emocionado com a situação e de ter ouvido um murmúrio do grupo de viajantes.
Pronto: o mascate era judeu e, só por isso, estava eternamente perdoado do que fazia em seu trabalho nada pecaminoso.
Acho que era esse tipo de atitude monstruosa que cada um adotou no tal giro pela Europa.
“Sou judeu e, portanto, estou absolvido!”.
É preciso dizer aos que não conhecem os rituais judaicos que o dia mais sagrado do ano se chama Yom Kippur, um dia inteiro de rezas, jejum e contrição cujo objetivo é perdoar todos os erros cometidos no anterior. O dia da expiação.
Não sou capaz de discutir o assunto com um rabino ou qualquer teólogo, mas me parece que essa é uma festividade equivocada do ponto de vista da ética. Redimir-se de todos os pecados em 24 horas uma vez por ano? A mim me soa como uma espécie de salvo-conduto para violações e transgressões de toda a espécie, porque um novo perdão já está visível no horizonte.
“Sou judeu e, portanto, estou absolvido!”, acreditavam os jovens delinquentes daquele grupelho.
Próximo - trecho 33
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