Perdido em Israel - Trecho 30
Eis que o fulano, sem qualquer tipo de remorso, autografou, na caligrafia simples de Pelé (e com as próprias mãos) cada um dos cartazes. Acho que estivemos por mais ou menos dias, em cerca de dez países europeus, recebendo a recompensa adiantada pelo trabalho que iríamos executar. Eu o vi praticando seu comércio ilegal por toda a parte.
Melífluo, apresentava-se na portaria dos hotéis, lojas e restaurantes com o pôster sob o paletó ou o traje pesado que usávamos naquele inverno. Dizia à vítima ser morador da cidade onde Pelé vivia (o que, na verdade, não era nenhuma mentira) e mostrava o cartaz que “eu mesmo ganhei do Rei”.
Quase sempre seu golpe funcionava. Ansiosos por uma lembrança autografada do ídolo mundial, os interlocutores perguntavam se ele a venderia, no que eram prontamente rejeitados. “De jeito nenhum! Essa é a minha joia pessoal!, -indignava-se, aumentando, portanto, a cobiça dos interessados em possuir um cartaz autografado por uma celebridade mundial. Ao fim e ao cabo, mostrando imensa contrariedade, o judeu de Santos vendia cada um de seus pôsteres fajutos, que valiam o equivalente a 30 reais(de hoje) nas boas lojas do ramo, por valores entre cem e duzentos dólares (conforme a pressa).
A empáfia daquele sujeito (que, com certeza, também fez um bar-mitzvá como o meu) foi apenas a primeiro golpe na convicção infantil que eu tinha quanto a pertencer ao chamado “povo escolhido.” Ou, talvez, fosse, apenas um truque comercial, como tantos que são aplicados mundo afora – e nada honesto.
Piorou muito essa percepção nos dias subsequentes.
Melífluo, apresentava-se na portaria dos hotéis, lojas e restaurantes com o pôster sob o paletó ou o traje pesado que usávamos naquele inverno. Dizia à vítima ser morador da cidade onde Pelé vivia (o que, na verdade, não era nenhuma mentira) e mostrava o cartaz que “eu mesmo ganhei do Rei”.
Quase sempre seu golpe funcionava. Ansiosos por uma lembrança autografada do ídolo mundial, os interlocutores perguntavam se ele a venderia, no que eram prontamente rejeitados. “De jeito nenhum! Essa é a minha joia pessoal!, -indignava-se, aumentando, portanto, a cobiça dos interessados em possuir um cartaz autografado por uma celebridade mundial. Ao fim e ao cabo, mostrando imensa contrariedade, o judeu de Santos vendia cada um de seus pôsteres fajutos, que valiam o equivalente a 30 reais(de hoje) nas boas lojas do ramo, por valores entre cem e duzentos dólares (conforme a pressa).
A empáfia daquele sujeito (que, com certeza, também fez um bar-mitzvá como o meu) foi apenas a primeiro golpe na convicção infantil que eu tinha quanto a pertencer ao chamado “povo escolhido.” Ou, talvez, fosse, apenas um truque comercial, como tantos que são aplicados mundo afora – e nada honesto.
Piorou muito essa percepção nos dias subsequentes.
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