Perdido em Israel - Trecho 29

Descobertas na Europa

Hoje entendo que pertencer a um povo, qualquer povo, não significa ser melhor ou pior. Algumas pessoas são boas, outras ruins e inescrupulosas, não importa que origem tenham. Foi antes mesmo de meu único desembarque em Israel (um ano e meio após o citado Bar Mitzvá) que a ficha caiu.
Nos quinze dias em que passeamos pela Europa antes de chegar à dita terra prometida, percebi o quão heterogêneos eram os judeus – talvez por maior ou menor influência dos vilões que carregavam em seus dnas.
Não me lembro dos nomes, mas as atitudes de pessoas naquela viagem sionista marcaram-me profundamente até hoje. É provável que, em razão de tudo o que aconteceu, não tenho, até hoje (ou até recentemente) a menor vontade de rever Israel.
Sou jornalista, trabalhei por muitos anos com revistas de viagem dirigindo revistas da área e produzindo reportagens apaixonadas (tenho um livro com esse nome) em nada menos de 88 países.
Para a maioria deles viajei convidado pelos governos locais (como se sabe, jornalista de viagem nunca vão para o céu por seu evidente compromisso com quem os convida), mas sempre tentei produzir textos honestos mostrando o melhor e o pior de cada lugar. O curioso é que estive em diversos países muçulmanos e nunca recebi um único convite de Israel, ainda que fosse judeu e relativamente importante nas revistas brasileiras.
Tenho a percepção de que Israel nunca deu a menor atenção ao setor de relações públicas (sobretudo internacionais), porque está e esteve sempre preocupado em solidificar-se e defender seu território.
Ou porque é composto de gente que fez o que fez naquele giro pela Europa. O menos cruel (mas não menos desonesto), era um menino três anos mais velho do que eu, original da cidade portuária de Santos. Ele comprou, no Brasil, vinte ou trinta pôsteres de Pelé (já então o homem mais conhecido do futebol mundial), todos eles em preto e branco, mostrando o rei realizando uma bicicleta perfeita no Maracanã. Lembro bem disso, porque eu mesmo tive um pôster assim (o único que possui) em meu quarto quando solteiro.


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