Perdido em Israel - Trecho 25
Quinto do interlúdio.
Ganhei canetas-tinteiro (eram chiques naquele tempo), relógios bonitos (já falei que ninguém tinha celular para ver as horas), agendas com capas de couro – nas quais anotei, mais tarde, os resultados dos campeonatos de botão que jogava comigo mesmo – menorás, estrelas de Davi e outros símbolos do judaísmo.
Dos melhores nunca me esqueço: meus pais me deram uma televisão “portátil”. Parecia um computador velho, com uma bunda grande onde ficava o tubo de transmissão; era, acho, vinho e bege, mas o mais importante é que se podia levá-la de um lugar para o outro com as mãos, segurando uma pequena alça (acho que, na verdade, nunca levei a tal tevê para lugar algum).
Não funcionava muito bem, mas isso era o de menos: para mim, ver aquela tela mágica com algumas imagens retorcidas (às vezes,não) era o mesmo que andar num foguete espacial.
De minha avó Antonina, esposa do querido vovô Alfredo – que morreu naquele mesmo ano – , ganhei um presente especial, que, de certa forma, definiu meu futuro. Tenho ele guardado em casa para quem quiser ver (e aprender): uma máquina de escrever, também portátil, onde datilografei minhas primeiras palavras, depois linhas, poesias, redações, reportagens e livros. E tudo por que nem aprendi hebraico e apenas decorei um trecho insignificante da Torá.
Foi quando comecei a desconfiar de que, às vezes, a importância que damos às coisas não tem importância. Ou que a desimportância que damos às coisas pode ser muito importante. Dá pra entender?
Em certas ocasiões, importa o que outros – pais, família, comunidade, história e origem - têm de expectativas, sejam elas corretas ou não.
Já disse, lá pra trás, que os judeus eram um dos povos mais antigos da Terra e que hoje são uma das menores minorias desse mesmo planeta. E nem vale a pena contar a longa saga de guerras, perseguições e tragédias que levaram à essa realidade.
O fato é que, pela resistência de muitos de nossos antepassados (tão próximos de vocês quanto a vovó Krystyna e o papinha, como vocês sempre chamaram o pai de minha futura esposa, Léa, também apelidada para sempre de Ieié), ainda continuamos por aqui.
Próximo - treho 26
Ganhei canetas-tinteiro (eram chiques naquele tempo), relógios bonitos (já falei que ninguém tinha celular para ver as horas), agendas com capas de couro – nas quais anotei, mais tarde, os resultados dos campeonatos de botão que jogava comigo mesmo – menorás, estrelas de Davi e outros símbolos do judaísmo.
Dos melhores nunca me esqueço: meus pais me deram uma televisão “portátil”. Parecia um computador velho, com uma bunda grande onde ficava o tubo de transmissão; era, acho, vinho e bege, mas o mais importante é que se podia levá-la de um lugar para o outro com as mãos, segurando uma pequena alça (acho que, na verdade, nunca levei a tal tevê para lugar algum).
Não funcionava muito bem, mas isso era o de menos: para mim, ver aquela tela mágica com algumas imagens retorcidas (às vezes,não) era o mesmo que andar num foguete espacial.
De minha avó Antonina, esposa do querido vovô Alfredo – que morreu naquele mesmo ano – , ganhei um presente especial, que, de certa forma, definiu meu futuro. Tenho ele guardado em casa para quem quiser ver (e aprender): uma máquina de escrever, também portátil, onde datilografei minhas primeiras palavras, depois linhas, poesias, redações, reportagens e livros. E tudo por que nem aprendi hebraico e apenas decorei um trecho insignificante da Torá.
Foi quando comecei a desconfiar de que, às vezes, a importância que damos às coisas não tem importância. Ou que a desimportância que damos às coisas pode ser muito importante. Dá pra entender?
Em certas ocasiões, importa o que outros – pais, família, comunidade, história e origem - têm de expectativas, sejam elas corretas ou não.
Já disse, lá pra trás, que os judeus eram um dos povos mais antigos da Terra e que hoje são uma das menores minorias desse mesmo planeta. E nem vale a pena contar a longa saga de guerras, perseguições e tragédias que levaram à essa realidade.
O fato é que, pela resistência de muitos de nossos antepassados (tão próximos de vocês quanto a vovó Krystyna e o papinha, como vocês sempre chamaram o pai de minha futura esposa, Léa, também apelidada para sempre de Ieié), ainda continuamos por aqui.
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