Perdido em Israel - Trecho 22
Segundo do interlúdio de meu livro ao vivo.
As pessoas, eu acho, eram tão boas e tão ruins como as de hoje – ninguém muda o temperamento humano, pelo menos por enquanto.
Brincávamos em casa, na rua e, no meu caso, num terreno baldio onde tínhamos um campinho de futebol de grandes histórias. Posso contá-las quando vocês quiserem.
O dia era importante para a minha família: o dia de meu bar-mitzvá, que é quando as crianças de origem judaica se tornam oficialmente adultos. Também era importante para mim porque eu iria ganhar muitos presentes.
Nem sabia bem o por quê, mas era tradição: na passagem para a maioridade religiosa, os meninos judeus (e as meninas judias), mesmo os quase nada religiosos, como eu, enchiam-se de presentes para abrir, com conteúdo, em geral, muito mais valioso e amplo do que os que costumávamos ganhar nos aniversários.
Era isso o que me animava. Também o fato de que eu estava pondo fim a quase dois anos muito chatos em que tive de aprender rudimentos do hebraico (até hoje sei as letras, mas guardei pouquíssimas palavras), a história desse povo curioso ao qual pertencia (muito legal e surpreendente, quando o professor era dos bons), e a decoreba do pequeno trecho da Torá que eu leria naquela manhã diante de uma grande plateia.
A Torá é o Velho Testamento da Bíblia. Também se chama Pentateuco, porque se refere a cinco livros sobre Deus.
Deus?
Quem é Deus?
Eu não sabia então e não sei hoje. Diziam-me, quando pequeno, que era um velho de barbas brancas que morava no céu e dava pontos aos que se comportassem bem, mas castigava os que fizessem o contrário.
Essa discussão podemos ter mais adiante. Porque a festa não era sobre Deus (ou era?), mas, antes de tudo, a celebração de rituais de um povo que as pessoas acreditam existir há mais de cinco mil anos. Havia, então 8 milhões de judeus espalhados pelo mundo. Hoje são quinze. Difícil achar uma minoria menor que essa.
Vejam: dizia-se que o mundo tinha, em 1968. três e meio bilhões de habitantes. Então apenas uma a cada 375 pessoas era um judeu. No Brasil, essa proporção era ainda muito menor.
As pessoas, eu acho, eram tão boas e tão ruins como as de hoje – ninguém muda o temperamento humano, pelo menos por enquanto.
Brincávamos em casa, na rua e, no meu caso, num terreno baldio onde tínhamos um campinho de futebol de grandes histórias. Posso contá-las quando vocês quiserem.
O dia era importante para a minha família: o dia de meu bar-mitzvá, que é quando as crianças de origem judaica se tornam oficialmente adultos. Também era importante para mim porque eu iria ganhar muitos presentes.
Nem sabia bem o por quê, mas era tradição: na passagem para a maioridade religiosa, os meninos judeus (e as meninas judias), mesmo os quase nada religiosos, como eu, enchiam-se de presentes para abrir, com conteúdo, em geral, muito mais valioso e amplo do que os que costumávamos ganhar nos aniversários.
Era isso o que me animava. Também o fato de que eu estava pondo fim a quase dois anos muito chatos em que tive de aprender rudimentos do hebraico (até hoje sei as letras, mas guardei pouquíssimas palavras), a história desse povo curioso ao qual pertencia (muito legal e surpreendente, quando o professor era dos bons), e a decoreba do pequeno trecho da Torá que eu leria naquela manhã diante de uma grande plateia.
A Torá é o Velho Testamento da Bíblia. Também se chama Pentateuco, porque se refere a cinco livros sobre Deus.
Deus?
Quem é Deus?
Eu não sabia então e não sei hoje. Diziam-me, quando pequeno, que era um velho de barbas brancas que morava no céu e dava pontos aos que se comportassem bem, mas castigava os que fizessem o contrário.
Essa discussão podemos ter mais adiante. Porque a festa não era sobre Deus (ou era?), mas, antes de tudo, a celebração de rituais de um povo que as pessoas acreditam existir há mais de cinco mil anos. Havia, então 8 milhões de judeus espalhados pelo mundo. Hoje são quinze. Difícil achar uma minoria menor que essa.
Vejam: dizia-se que o mundo tinha, em 1968. três e meio bilhões de habitantes. Então apenas uma a cada 375 pessoas era um judeu. No Brasil, essa proporção era ainda muito menor.
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