Perdido em Israel - Trecho 2
...Eu era jovem demais para aceitar arroubos de paixão por qualquer lugar. Paixonites eram mais a minha praia: por elas, sim, eu entendia verter lágrimas e produzir poesias. Mas nem por elas eu beijaria um chão, tanto faz se sujo ou limpo.
As mentiras que ouvimos.
A segunda lembrança que guardo é a do terror que senti ao deixar o terminal e ver, ao redor, uma multidão de pessoas vestindo ghutras, aqueles lenços que identificam os povos árabes. Seria um novo conflito? Estaríamos sob ataque?
Não, havia muitas verdades que eu desconhecia.
Então – e até hoje – árabes de diversos grupos e judeus de inúmeras origens, convivem num mesmo território. No momento em que escrevo essas linhas, há 20% de muçulmanos vivendo legalmente na chamada terra prometida. Duzentos mil israelenses que seguem o Corão.
Há um partido político que representa interesses dos árabes no Parlamento e, naqueles longínquos dias em que estive no país, tive a oportunidade de descobrir o tamanho da presença árabe em Israel. As notas de shekel, a moeda local, eram produzidas em hebraico e árabe; os programas de televisão eram falados em hebraico com legendas em árabe ou eram produzidos em árabe com legendas em hebraico. Jornais de ambos os idiomas (e mais alguns em inglês) estavam disponíveis em qualquer quiosque – e assim por diante.
As mentiras que ouvimos.
A segunda lembrança que guardo é a do terror que senti ao deixar o terminal e ver, ao redor, uma multidão de pessoas vestindo ghutras, aqueles lenços que identificam os povos árabes. Seria um novo conflito? Estaríamos sob ataque?
Não, havia muitas verdades que eu desconhecia.
Então – e até hoje – árabes de diversos grupos e judeus de inúmeras origens, convivem num mesmo território. No momento em que escrevo essas linhas, há 20% de muçulmanos vivendo legalmente na chamada terra prometida. Duzentos mil israelenses que seguem o Corão.
Há um partido político que representa interesses dos árabes no Parlamento e, naqueles longínquos dias em que estive no país, tive a oportunidade de descobrir o tamanho da presença árabe em Israel. As notas de shekel, a moeda local, eram produzidas em hebraico e árabe; os programas de televisão eram falados em hebraico com legendas em árabe ou eram produzidos em árabe com legendas em hebraico. Jornais de ambos os idiomas (e mais alguns em inglês) estavam disponíveis em qualquer quiosque – e assim por diante.
Bom: com a situação devidamente esclarecida, o grupo do qual eu fazia parte foi dividido em dois. Uma metade foi residir e trabalhar no sul do país, em um kibutz criado por egípcios e, mais tarde, colonizado por brasileiros, que hoje são a imensa maioria de sua população. Fica próximo de Siderot e a perigosos poucos quilômetros da faixa de Gaza.
À outra metade, suponho que escolhida aleatoriamente, eu pertencia. Fomos levados a um kibutz de maioria argentina, chamado Bahan, a cerca de 20 quilômetros da cidade balneária de Netanya, numa estrada que levava ao norte do pais.
Só mais tarde, em conversa com um argentino que comandava (em forma de rodízio, como convém às comunidades em que ninguém é mais do que ninguém) o kibutz de origem portenha, entendi que assim era Israel, um país feito “nas coxas” e porcamente dividido entre etnias distintas....
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