Perdido em Israel - Trecho 19
Fiz outros, muitos outros, trabalhos nos meses em que vivi no kibutz. Todos eles produziriam histórias divertidas e tristes desse relato. Só vou citar mais uma: fui encaminhado, em certa ocasião, para nova empreitada solitária que me soou agradável.
Tornou-se meu expediente diário juntar-se às vacas no curral e, com um pincel, empastado de tinta cinza (acredito que anticorrosiva) passar os dias pintando os canos redondos que serviam de cercas para controlar o gado. Mas sempre há contras, qualquer que seja a tarefa, principalmente se você não estiver imbuído do idealismo para construir um país.
Naquele caso, as botas de trabalho eram inadequadas. Eu usava botinas de couro – e nunca me deram botas de cano longo, sob a alegação de que não compareci no dia e no local adequado em que elas foram distribuídas ao meu grupo. Deve ser realidade indiscutível, porque nada é polêmico nas ordens expressas de uma comunidade daquela espécie. Não sei, nunca soube, porque não estive no lugar certo na hora certa. Pode ter sido por desatenção, por um lapso de entendimento ou por uma ausência rápida em que fui a um banheiro próximo para aliviar minha bexiga. (segue amanhã).
Para efeitos disciplinares, com toda a certeza, as botas foram me negadas naqueles oitenta ou noventa dias. Havia alguma coisa de punição bíblica ou soviética na resolução da comunidade, mas eu não tive mais a quem recorrer.
O resultado foi que, nos dez ou quinze dias em que pintei as cercas do curral, em meio a ácida fedentina, tive que fazê-lo com os pés e parte das pernas literalmente afundados no mar de esterco daquele curral. É claro que voltei a ter furúnculos, vivia imundo e infectado e, ainda uma vez, o ambulatório local foi certeiro com os novos (ou antigos) remédios que me prescreveram.
Compreendi que era um caso perdido, uma ovelha negra e vadia entre os meus pares. E acabei voltando – de novo por ordem médica -, ao refeitório, lavei pratos com esmero, desenvolvi meu espanhol e já arriscava algumas palavras em hebraico, para negociar lembrancinhas que eu queria levar, na volta, para a família.
Tornou-se meu expediente diário juntar-se às vacas no curral e, com um pincel, empastado de tinta cinza (acredito que anticorrosiva) passar os dias pintando os canos redondos que serviam de cercas para controlar o gado. Mas sempre há contras, qualquer que seja a tarefa, principalmente se você não estiver imbuído do idealismo para construir um país.
Naquele caso, as botas de trabalho eram inadequadas. Eu usava botinas de couro – e nunca me deram botas de cano longo, sob a alegação de que não compareci no dia e no local adequado em que elas foram distribuídas ao meu grupo. Deve ser realidade indiscutível, porque nada é polêmico nas ordens expressas de uma comunidade daquela espécie. Não sei, nunca soube, porque não estive no lugar certo na hora certa. Pode ter sido por desatenção, por um lapso de entendimento ou por uma ausência rápida em que fui a um banheiro próximo para aliviar minha bexiga. (segue amanhã).
Para efeitos disciplinares, com toda a certeza, as botas foram me negadas naqueles oitenta ou noventa dias. Havia alguma coisa de punição bíblica ou soviética na resolução da comunidade, mas eu não tive mais a quem recorrer.
O resultado foi que, nos dez ou quinze dias em que pintei as cercas do curral, em meio a ácida fedentina, tive que fazê-lo com os pés e parte das pernas literalmente afundados no mar de esterco daquele curral. É claro que voltei a ter furúnculos, vivia imundo e infectado e, ainda uma vez, o ambulatório local foi certeiro com os novos (ou antigos) remédios que me prescreveram.
Compreendi que era um caso perdido, uma ovelha negra e vadia entre os meus pares. E acabei voltando – de novo por ordem médica -, ao refeitório, lavei pratos com esmero, desenvolvi meu espanhol e já arriscava algumas palavras em hebraico, para negociar lembrancinhas que eu queria levar, na volta, para a família.
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